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segunda-feira, 4 de julho de 2011

NATURAlmente bagunçado

Morei quase 15 anos no Estado de São Paulo, sendo 5 na capital paulistana. Inúmeros shows, peças de teatro, eventos culturais e de entretenimento em geral. Alguns notáveis como U2 e AC/DC, ambos no Estádio do Morumbi, e o Skol Beats no Anhembi. Fantasma da Ópera e Miss Saigon, espetáculos dignos de admirar emocionado, ambos no Teatro Abril. Outros menos famosos, mas igualmente memoráveis, como Danilo Gentili e Rafinha Bastos quando ainda apresentavam stand up comedy em um boteco escondido no Itaim. Agora residente nas Minas Gerais, tentarei prestigiar a programação local, aproveitando a onda de grandes eventos que toma conta de todo o país. Por vezes ainda há certa concentração no eixo Rio-São Paulo, o que me obriga a pegar um vôo para ir até onde antes ia de carro ou táxi. É fato que tais ocasiões funcionam como meras desculpas para voltar, rever os colegas, amigos e a família.

Vincular uma marca a uma celebridade ou evento tem seus óbvios benefícios, mas carrega consigo evidentes riscos para a imagem corporativa. Uma celebridade pode, no dia seguinte a veiculação de um comercial que custou milhões ao anunciante, cometer um deslize em sua vida pessoal e comprometer toda a meta de vendas de determinado produto ou serviço. A organização de um evento segue o mesmo raciocínio quando imagina-se o cenário ruim, com boa probabilidade de arruinar a imagem de uma marca, ainda mais em tempos de internet e suas redes sociais.

Já havia me decepcionado com o show da Amy Winehouse, no início desse ano. Não só pelo deplorável estado de saúde da brilhante contora inglesa, mas pelo simples e inaceitável fato de não ter cerveja em um evento patrocinado por uma das maiores cervejarias do mundo, a Inbev. Para efeito de registro, segue o que ouvi de um atendente do bar: "o pessoal foi comprar cerveja ali e já volta".

Recentemente fui ao Festival Natura Nós about Us, com planos para acompanhar os shows de Jamie Cullum e Jack Johnson, além de uma aspirante a nova musa do Jazz que não me recordo o nome. O festival, como o próprio nome sugere, é uma ação de Marketing da empresa de cosméticos brasileira Natura. Para relatar a desagradável experiência que tive em tal evento de forma imparcial, descartarei o tempo que demoramos para chegar até a entrada do estacionamento, entendendo que a Prefeitura é quem deveria proporcionar ao cidadão a infraestrutura apropriada.

O show foi na Arena do Jockey. Aproximadamente 1 hora o tempo contado entre o pagamento do estacionamento e a entrada no local do show. Uma vez estacionado o carro, o que ouvimos foi: "Vocês vão demorar umas 3 horas para sair no final do show". A poeira era tanta que mal se podia respirar caminhando pelo estacionamento. Chegando ao local do evento, obviamente tendo perdido completamente 2 dos 3 shows que pretendíamos acompanhar, a máquina do cartão de crédito não funcionava e só aceitavam dinheiro, mesmo com uma placa enorme da bandeira Visa no guichê. Chegando ao bar: "Cerveja só quente campeão!" Encaramos Heineken com gelo. Jack, enfim, começou a cantar com os pés descalços seus grandes sucessos.

Como é possível aproveitar um show com o comentário do segurança do estacionamento em nossa chegada? Não sei, pois não conseguimos fazê-lo. Ouvimos 9 músicas, talvez 11, seguramente não passaram de 15. O fantasma da partida nos assombrava, "Quanto tempo será que dura o show?", "Vamos ficar perto da saída?", "Acho que o show dele deve durar 1h30". A sorte é que São Paulo tem outros encantos que me ajudaram a "pagar" o custo da viagem. Família e amigos fizeram e sempre farão valer a pena. A outra sorte é que o Boticário cresceu, não há necessidade de comprar produtos da Natura até que essa fatídica saga saia da minha memória e vire apenas mais um "causo" a contar na mesa de um bar, com cerveja gelada por favor. 

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