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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um punhado de sucintas críticas, um post cinematográfico

127 Horas (127 Hours) - Maravilhosamente aflitivo. Uma aula de perseverança, de vontade de viver. Testa o ser humano quando a vida está por um fio, ou por um braço.

A Rede Social (The Social Network) - Genial, literalmente. Vários crânios, muitas intrigas, drogas, festas e um império chamado incialmente thefacebook.com.

Os Bons Companheiros (Goodfellas) - Mafioso de qualidade. Martin Scorsese retrata muito bem as entranhas da máfia italiana, como os Gângsters valorizam e matam a família. Joe Pesci atua de forma ímpar e é um dos responsáveis pela palavra Fuck ter sido usada aproximadamente 300 vezes no filme.

O Grande Lebowski (The Big Lebowski) - Hilário. Depois de uma decepção com os irmãos Cohen (Onde os fracos não tem vez - No country for old men), um bom filme, tendo Jesus (John Turturro) como destaque - http://www.youtube.com/watch?v=p6H9-bj7vb8

Três Homens em Conflito (The Good, The Bad and The Ugly) - Clássico é clássico! Clint Eastwood ainda na faixa dos 20-30 anos, um faroeste imperdível. Italian Epic Spaghetti Western de 1966.

Bonnie e Clyde (Bonnie and Clyde) - Bom fora da lei com toque romancista. Um filme chocante se imaginamos que é de 1967, vale a pena acompanhar o casal de bandidos que aterrorizou os Estados Unidos durante a Grande Depressão. Revolucionou a indústria de Hollywood pela aceleração, pela agilidade na mudança do tom das cenas.

Meia-noite em Paris (Midnight in Paris) - Uma linda viagem. Meu primeiro Woody Allen me impressionou, apresentando a Paris dos anos 20/30.

Assalto ao Banco Central - Boa trama, bela grana. Interessante ver que só os inteligentes e/ou espertos sobrevivem.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Jovem casal

É hora do almoço, pausa sagrada
Ambos com uniforme do colégio
Brigam por um celular
Não comem nem a salada

Ela emite sinais de afeto e carinho
Ele só tem olhos para a tela
Troca senha, twita e dispara torpedos
Em vão ela manda um beijinho

Coca Normal e Coca Zero
Hoje é quarta-feira
E daí?
Nada de papo até aqui

Pouco proseiam, teclam em demasia
O strogonoff chega
Ninguém nota, esfria
Juventude conectada e vazia

Extremamente frágil, paradoxalmente forte

Observar a fragilidade do ser humano é um processo trivial. Como bem relata Alain de Botton em "A arte de viajar", basta se colocar em uma situação onde o sublime seja observado. "Em comparação com os três, o homem parece mero pó postergado: o sublime como um encontro prazerozo, até mesmo inebriante, com a fraqueza humana diante da força, da idade e das dimensões do universo." Uma vasta paisagem, uma imensidão de montanhas rochosas, o pôr do sol ou o céu estrelado, e perceberá o quanto você, ser humano, é pequeno, para não mencionar imperceptível.

A fragilidade aparece em muitos aspectos de uma vida, pode aflorar de forma distinta em diferentes pessoas, ou até mesmo diferente em distintos momentos para um mesmo ser humano. Uns desabam quando perdem o emprego, outros se desesperam quando ficam de recuperação na escola, enquanto alguns entram em pânico pela simples derrota do time do coração na rodada do final de semana. O "frágil" que traz sustentação ao texto é muito mais profundo que o retratado nos exemplos do parágrafo.

O sentimento da perda de um ente querido, por exemplo. Ou mesmo a remota possibilidade de que ela ocorra, leva a um estado de impotência, incapacidade, da mais real e assustadora fragilidade humana. Não há bem material capaz de trazer tamanha carga emocional que a probabilidade de não poder mais ver, tocar ou ouvir. Não é natural tal passagem para os meros mortais. Instantaneamente vem a negação, o "Por que comigo?". Não muito depois vem o "Devia ter aproveitado mais...". O telefone toca e imediatamente o coração chega próximo à boca. Ateus passam a crer em Deus, os mais céticos se apegam a uma fé que nunca imagiram ter. Famílias se unem como nunca e a união literalmente faz a força, corroborando o antigo jargão.

Por mais contraditório que possa parecer, deve ser essa escancarada fragilidade que traz força ao ser humano. Uma força interior, poderosa, que motiva a encarar de frente problemas aparentemente insolúveis. Basta assistir a série Sobrevivi ou os filmes 127 horas e Vivos para entender que força é essa. Ingerir a própria urina e comer carne humana parecem atos comuns quando o instinto de sobrevivência está em jogo. No momento que não há mais saída, que todas as soluções possíveis foram testadas, o homem é levado a um patamar de superação que transcende o senso comum, contraria todas as regras da Física e da Medicina. Ao que tudo indica essa vontade de viver não é uma dádiva concebida a poucos, estranho seria se assim fosse. Interessante, então, seria poder usar e abusar de tal virtude. No trabalho, nos relacionamentos familiares, amistosos e amorosos, em suma, para viver. Não apenas quando a vida dá sinais que está indo embora.