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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Na terra de Hugo Chávez, acredite

Nunca imaginei que o lugar mais paradisíaco que eu fosse fincar minha bandeira estivesse tão próximo daqui, mais precisamente vinte mil milhas TAM ou GOL daqui. Já escrevi sobre o Caribe aqui antes, em viagem realizada depois da que justifica esse post. Mar abençoado, águas cristalinas e multi-coloridas em um degradê sem igual, tempo bom o ano inteiro. Primeira impressão:


Los Roques é um nome que chama atenção, ao menos a minha chamou. Tive de cara a impressão de um lugar especial, inexplorado, fantástico, único. Um vôo com as milhas do seu cartão de crédito até Caracas, 40 minutos em um teco-teco de Caracas até Gran Roque e pronto: bem-vindo ao paraíso. Troque seus dólares por bolívares no câmbio negro, no aeroporto mesmo, com qualquer cidadão que se aproximar de você perguntando se tem dólares. Os venezuelanos não têm acesso ao dólar, o ditador não deixa. O câmbio oficial paga 2 por 1, enquanto o negro paga 5 por 1 real. Todos têm, além de seu trabalho cotidiano, o bico de operador de câmbio. Se for permanecer pouco tempo no aeroporto, troque na pousada mesmo, onde a troca pode ser feita até mesmo como serviço delivery.

Los Roques é um arquipélago com mais de 200 ilhas, das quais aproximadamente 80 possuem praias, das quais 1 única tem infraestrutura, 2 outras têm apenas 1 restaurante. Gran Roque é a capital, onde seu teco-teco pousa, tem alguns restaurantes, bares e pousadas. Também dispõe de banco, lan house e lojinhas de artesanato. Não há trânsito pois não existem carros, ruas de areia batida aceitam apenas chinelo como meio de transporte. As demais, Francisqui, Espenqui, Norosqui e as outras ilhas "qui", só via barco com navegantes nativos, que te perguntam depois de montar seu guarda-sol: "A que horas les gustarian volver?".

O esquema é profissional, te buscam às 9 e perguntam: "A cual isla desea ir hoy?". Escolhido o destino, é navegar, chegar lá, montar acampamento e esquecer da vida. Vão vocês e uma geladeira portátil, bebida e comida pra um dia qualquer em uma praia deserta e maravilhosa. Se você gosta de uma geladinha como nós, troque os refrigerantes por cervejas. Você pode pagar por pensão completa, mas escolha meia pensão, que inclui café e essa geladeira para passar o dia. Deixe o jantar como oportunidade pra conhecer a gastronomia local. Com colonização substancialmente européia, italianos e holandeses garantem a qualidade das charmosas pousadas e restaurantes. Espero que gringos e resorts continuem focados na República Dominicana ou nas Bahamas, mais lá pra face norte do mar caribenho.



Los Roques é uma espécie de Fernando de Noronha alguns anos atrás. Inclusive creio que a versão caribenha está para o venezuelano como Noronha está para os brasileiros, é a viagem dos sonhos, a maioria passará a vida toda sem a oportunidade de conhecer. Tudo é dolarizado e caro para os padrões de vida dos nossos hermanos do petróleo. Com o real valorizado frente a moeda americana, o brasileiro está descobrindo essa maravilha. Raramente vou embora de um lugar com tanta vontade de voltar, afinal ainda tenho muito a explorar, "a busca continua" como a Belinha costuma dizer. Não é o caso de Los Roques, quero voltar e não vai demorar, é o lugar mais bonito que já estive

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cozinha com ares de montanha

Certa vez li que um líder de uma grande empresa brasileira usava o almoço de sábado pra tentar reproduzir algum prato que havia degustado durante a semana. É uma idéia interessante, além de facilitar a parte criativa do processo é um ótimo exercício para testar seus sentidos, afinal nem sempre é direta a identificação dos ingredientes.

Uso bastante a internet pra pesquisar novidades da cena gastronômica, mas resolvi que eventualmente tentaria reproduzir criações alheias que experimentamos eu e Belinha em nossas viagens. Não que eu tenha tamanha destreza, nem que seja capaz de reproduzirqualquer coisa que venha a comer. Exatamente aí reside a parte boa, sinto a necessidade de agregar um toque pessoal, não simplesmente copiar.

Resolvi que a primeira tentativa seria um belíssimo Risotto de Limão Siciliano e Alecrim que conheci no Rosmarinu's, ótimo restaurante na estrada que liga Visconde de Mauá a Maringá, na Serra da Mantiqueira. Embora tenha apreciado muito a combinação, principalmente o perfume do alecrim, achei que o limão só estava presente na descrição do prato no cardápio, faltava senti-lo nas papilas gustativas. Para acompanhar, tentaria fazer uma variação de um salmão que solitariamente apreciei em uma viagem a trabalho, em Penedo, no pé da mesma serra. O tempero era leve e o generoso lombo tinha aparência digna de um sashimi internamente, feito com maestria.

De todos os ingredientes necessários, tive dificuldade pra encontrar apenas dois: o salmão e o limão. Calma, não se assustem, até onde eu sei ainda temos limoeiros e criadouros de peixes em abundância por aí. Eu queria um lombo generoso do peixe, que me desse as devidas condições de preparo. A fruta tinha que ser especial, proveniente da famosa região italiana da Sicília. Não é nada impossível, mas o Pão de Açúcar me deixou na mão. Compre ao menos o alecrim fresco, no mesmo dia que for cozinhar.


Desconsiderando o trabalho dito sujo, que inclui por exemplo cortar cebola e alho, você conseguirá reproduzir essa em aproximadamente vinte minutos. Em uma receita para duas pessoas, use apenas um limão siciliano, ele tem presença forte por natureza. Faça um risotto como qualquer outro e adicione tanto alecrim quanto limão na penúltima passada do caldo de legumes no arroz arbóreo. Embrulhe o salmão com o tempero escolhido em papel alumínio, no caso alcaparras puxadas na manteiga com pimenta do reino. O tempo de execução do salmão é diretamente proporcional à altura do lombo disponível, pra garantir o mix de sensações assado-cru. Eu não consegui, o lombo era mais fino que o desejado e eu também nunca havia feito um salmão. Cuide especialmente da quantidade de pimeta do reino, ela é muito marcante e pode roubar demais sua atenção no climax da refeição. Se achou que ela era inofensiva como eu, retire o excesso e aprecie sem moderação

terça-feira, 22 de junho de 2010

Lembranças do Brasil na minha parede

Há pouco mais de um ano adquiri meu passaporte pra Associação da Boa Lembrança. À quem ainda não conhece, sucintamente defino: uma associação de restaurantes espalhados por todo o território nacional, onde você certamente encontrará ambiente, atendimento e, obviamente, comida de altíssima qualidade. O cartão postal nesse caso não é um simples cartão, é o Prato da Boa Lembrança.

A idéia é boa e útil à quem busca os prazeres da mesa. Há um rígido controle de qualidade que visa garantir o gabarito dos estabelecimentos credenciados. O prato de porcelana é o que torna a experiência inesquecível. Com ele você recebe de brinde as lembranças da viagem, dos papos, da companhia, do tempero e do prazer. Eu, que tenho notórios problemas de memória, agradeço bastante essa mãozinha. Consigo facilmente lembrar dos Chefs e suas misturas improváveis e fantásticas, da história daquele momento, da dúvida em pedir ou não o Prato da Boa Lembrança e da Belinha salivando pelo primeiro gole de uma cerveja premium qualquer. Essas e outras de igual importância decoram a parede da minha sala:


Tiradentes, Porto de Galinhas, Visconde de Mauá e Parati são exemplos de viagens que jamais esquecerei, de ótimas sugestões que tenho pra compartilhar e de histórias que tenho pra contar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Por uma Copa adequada à realidade brasileira

Logo que veio a tona a notícia de que o Morumbi estava descartado como uma das sedes da Copa de 2014, comecei a me perguntar se aquela era uma boa ou má notícia. Após ler e escutar muita coisa acerca do assunto, em pouquíssimo tempo, já tinha minha opinião formada: Nos moldes propostos por FIFA/CBF, a notícia era ótima.

O São Paulo Futebol Clube é um dos poucos clubes brasileiros que ano após ano fecham o balanço no azul, se não for o único. Há tempos que o clube tem um planejamento estratégico e o executa sob a luz de aspectos técnicos e profissionais, deixando paixão e emoção apenas para as arquibancadas. Times brasileiros dificilmente atingem suas metas financeiras caso não realizem uma boa venda ao exterior. O São Paulo busca diminuir cada vez mais essa dependência, e isso passa por uma gestão mais forte nas finanças do clube, além do melhor aproveitamento das dependências de seu estádio.

As obras exigidas pela FIFA demandariam investimentos da ordem de 600 milhões de reais aos cofres do tricolor paulista. Estudos feitos pela cúpula tricolor geraram as condições para viabilizar tal cifra: Abertura e uma das Semi-finais do mundial deveriam ser no Morumbi. Tendo recebido uma negativa no que tange a essa possibilidade, o tricolor prontamente propôs redução no escopo das obras, algo como 250 milhões visando receber apenas a abertura. O desfecho final dessa negociação todos já sabem.

Existe ainda o aspecto político do clube em relação a entidade máxima do nosso futebol, a CBF, do imortal Ricardo Teixeira. Um voto "inadequado" de Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, na eleição do presidente do Clube dos Treze, sem dúvida alguma teve peso importante nesse jogo de interesses políticos, econômicos e, porque também não afirmar, pessoais. É a política do toma lá dá cá, velha conhecida dos brasileiros.

Governos estadual e municipal já manifestaram quanto a impossibilidade de contar com dinheiro público para a eventual construção de um novo estádio na capital paulista. Conforme declaração de um integrante do governo, a preferência é por investir tal montante em obras que atendam mais amplamente a população da capital, como obras viárias e ampliação do metrô, apenas para exemplificar. Em outras palavras, existem outras prioridades, postura similar à adotada pelo time do Morumbi. Não parece à toa que Estado, Município e Time sejam os mais desenvolvidos do Brasil, apesar dos pesares.

Depois de assistir algumas mesas redondas diretamente da África do Sul, teço meu último comentário a respeito do polêmico tema. Os estádios africanos não são por dentro ou mesmo funcionalmente tão encantadores quanto externamente. Relatos de sanitários de quinta categoria e estacionamentos localizados a 2 ou 3 km de distância do estádio já ouvi de diferentes interlocutores. De forma alguma quero colocar em cheque essa Copa no continente africano, ao contrário, me encanta ver a forma como está sendo conduzida, a oportunidade que o mundo inteiro está tendo de olhar nossos irmão africanos com outros olhos. Minha pergunta é por que tanta exigência apenas com o Morumbi?

A realidade brasileira, ou mesmo a africana, é muito diferente da encontrada na Europa, nos Estados Unidos ou no Japão. Somos emergentes sim, mas acima de tudo subdesenvolvidos, boa parte do nosso povo não tem o que normalmente se considera condição de subrevivência, além de termos abundância de corrupção em praticamente todos os setores da sociedade. Não podemos jogar mais lenha nessa fogueira, deixar que investimentos fora de nossa realidade sejam feitos nesse momento é pactuar com todos os problemas relatados, é no mínimo falta de compaixão com todos brasileiros. Por uma Copa adequada à nossa realidade, deixo registrada minha satisfação ao abdicar de algo "pessoal" em prol do bem comum.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Camarão canarinho

Aprendi o caminho da minha casa ao Mercado Municipal da Lapa, de fato o google maps me deu boas dicas. Aprendi também a fazer um risotto, como relatei por aqui no mês passado. Por último, mas não menos importante, aprendi também a fazer um bom camarão, como relatado detalhadamente em um dos primeiros posts do blog. Acordei um domingo ensolarado de Junho e decidi fazer tudo isso novamente, em uma só tacada:


Diferente do camarão anterior que fiz, use os de tamanho médio para que "harmonize" bem com o risotto. Esse aí teve alho porró (como gosto desse ingrediente!) acompanhando os tradicionais cebola e alho no preparado do arroz arbóreo, além do açafrão pra garantir o colorido. Os camarões foram salteados com tempero especial, a base de páprika entre outras especiarias. Abri mão do vinho branco na primeira passada do risotto, escolhi a cachaça, que, combinada com a salsa, deu o toque canarinho para o início da Copa. Vai Grafite!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Ubuntu

Hoje é o início de um evento único em nossa história: a Copa da mundo da África. Nunca antes tivemos e talvez nunca mais tenhamos uma Copa de um Continente e não de um só País. Quem viu a abertura hoje, antes do pontapé inicial para África do Sul e México, sabe a que me refiro. Referências a todos os países africanos, artistas de vários deles se apresentando e a montagem do mapa mundi com o continente no centro de tudo, não apenas a África do Sul. Pegadas saindo dali rumo ao resto do mundo, em alusão a origem da espécie humana.

Viajemos no tempo até 2014: Teremos a Copa da América do Sul? Aposto que não, será apenas a Copa do Brasil. Foi assim com europeus, americanos e asiáticos. Talvez somente os africanos mesmo, um povo tão sofrido, tenham essa sensibilidade com os mais próximos, com os irmãos. Que bela mensagem de união. Deve ter o dedo do Mandela, que anos atrás e ali mesmo, onde hoje o belíssimo Soccer City exibe sua grandeza, oficializava sua luta contra o apartheid.

A África tem mais de 1000 idiomas, mas existe uma palavra comum em muitos deles. A melhor tradução para tal expressão é Humanindade. Entretanto, existem outras interpretações como amizade, companheirismo, união, compaixão, entre outros similares. Nada melhor e tão plural pra resumir o sentimento de uma Copa do Mundo na África, Ubuntu!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Irish Carbon

Coloque sua cuca pra funcionar e imagine comigo, se é que já não encarou um Irish Carbon antes:

a. 1/2 pint de Guiness
b. 1/2 copo de pinga com Bailleys, 1/2 com Whisky Jameson - eles não se misturam, lembrei das experiências com água e óleo das aulas de Física

Deixe o copo de pinga cair dentro do pint de Guiness e vire sem dó e sem escala. Repetir o processo várias vezes, dependendo obviamente do número de repetições, leva a um coma alcóolico ou simplesmente intestinal, famoso revertério. A primeira experiência com essa tradicional bebida irlandesa me levou à segunda consequência, coitada da latrina.

O'Malley's, the best "gringo" bar in Sao Paulo!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Costelinha e Truta, boa lembrança!

Feriado de Corpus Christi em Visconde de Mauá, "Campuxxx do Jorrrrdão" carioca. Os planos incluem descanso, trilhas em busca das cachoeiras e farra gastronômica. Não conheço e também não tenho referências do lugar, e essa é a parte boa. Tudo será novidade, vou atrás do desconhecido. Minha companhia é o que me dá tranquilidade, ela topa tudo como eu, incrível como combinamos, será sem dúvida mais uma viagem bacana. Meus relatos de viagem e análise desse novo destino em breve por aqui.

Devo voltar com dois pratos novos pra minha coleção, a idéia é pescar uma truta no Jardim Secreto de Penedo e encarar uma costelinha com muito Gosto em Mauá. Aguardem análise detalhada dessas criações culinárias e tentativas de reprodução na cozinha do Fatura.