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quarta-feira, 31 de março de 2010

Final de semana na cozinha

Passada a tensão do meu retorno à cozinha, relatada no último post gastronômico, resolvi aumentar a pressão e encarar uma jornada dupla, cozinhando no sábado e no domingo. Eu não tinha repertório para tanto, tão pouco me sentia assim tão confiante. Afinal, tinha voltado ao comando de um fogão apenas 2 semanas antes. Foi triunfante mas passou, o brasileiro tem memória curta. Temos vaga lembrança de coisas que jamais deveríamos esquecer, quanto mais de um prato de comida.

Eis que, com o prato principal definido pra domingo e minha principal cliente trabalhando no sábado, resolvi fazer algo simples e rápido para descomplicar a situação. Bombom de Filet com Manteiga de Mostarda e Batatas Assadas ao Alecrim. Digo simples por um motivo, digamos, simples. Nos mercados gourmet você encontra filet embalado a vácuo. Batata comprada desse jeito até eu! Hoje em dia elas já vêem cozidas, jogue em um refratário, tempere com sal e alecrim, leve ao fogo para dourar

Com a carne dessa forma, dê uma "seladinha" por fora


Complemente com fogo baixo para que a carne não fique crua no centro, é um cuidado importante com pedaços de carne dessa altura. O segredo ficou tão somente em caprichar na manteiga de mostarda e dar o ponto certo na carne. Derreta a manteiga, misture cebola picada crua, pimenta do reino e mostarda dijon, o molho da carne pronto, feche com chave de ouro na apresentação.


Cozinha pra um sábado qualquer, prato rápido, fácil e saboroso. Acerte na harmonização, um boa cerveja de trigo ou vinho tinto encaixam bem nesse caso. Eu errei feio, fazia muito calor e a vontade de um Chardonnay era considerável. Se bem que, pra ser sincero, considero a melhor harmonização aquela que te dá na telha, mas isso será tema de post futuro.

Vamos ao que interessa. Domingo é decisão, as finais de campeonato são quase sempre domingo. Ressalva feita ao mais importante torneio das Américas, para os pouco acostumados ao tema. É dia de pressão, expectativa elevada e chef em cheque. Foi só pra musicalidade à frase, estou tão longe de um chef quanto meu querido tricolor de apresentar um bom futebol esse ano.

Os motivos já relatados no post anterior não me permitiam baixar a guarda. Eu deveria arriscar novamente, me superar. A decisão foi por um Carré de Cordeiro em Ervas Finas acompanhado de Cenorinhas Baby, Alho Poró e Pimenta de Biquinho.

No supermercado dos Diniz encontrei as ervas, as cenorinhas e o alho. No mercado municipal da lapa, ótimo para comprar belos camarões, apenas a pimenta de biquinho. Nada do cordeiro de origem uruguaia, nem de qualquer outro canto. Em tempo, nossos "hermanos" uruguaios produzem o porsche dos carrés de cordeiros. Já estava quase trocando a cereja do bolo, quando um empório londrino nas redondezas da minha casa me salvou. Em homenagem ao hábil Dexter


Minha dúvida inicial da forma de assar aliada ao pouco conhecimento do poder de fogo do meu fogão custou o ponto ideal dessa carne tão especial. Na minha humilde opinião, o carré pode chegar no máximo ao que chamamos de ponto. Creio que deve ser levemente mal passada, mesmo para meu irmão do meio, que pede bem passada na churrascaria. O plano inicial era temperar e levar ao forno exatamente como você vê na foto, mas acabei optando por separar individualmente as pernas, decisão pautada pela provável maior absorção do tempero. Acredito que deve funcionar de qualquer maneira, mas acho que estava preparado mentalmente para tirar da embalagem, jogar tempero e mandar ver.

Considero a escolha dos coadjuvantes tão importante quanto a do protagonista. Eles trabalharam muito bem, me ajudaram a encobrir meu deslize

segunda-feira, 29 de março de 2010

O futebol perdeu poesia

Belo texto do camisa 10 do jornalismo esportivo brasileiro:

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/0,,MUL1548985-9825,00-MEXICO+UMA+CRONICA+HISTORICA+DO+MESTRE+ARMANDO+NOGUEIRA.html

Lindas palavras do agora saudoso Armando Nogueira, que têm a capacidade de nos colocar de corpo e alma num dos momentos mais bonitos da história do futebol mundial.

O Brasil ganhou sua terceira copa em 1970, no México. Ali também triunfaram os argentinos 16 anos mais tarde, com show del Dios Diego. Tive a oportunidade de conhecer o México em 2006, em uma viagem a trabalho. Pude ver ali a emoção dos mexicanos pelo título brasileiro. Embora mais distante no tempo que o título argentino, é Didi estampado em uma grande loja de departamentos que você encontra, não Maradona. Conversando com mexicanos sobre o assunto, você percebe o título brasileiro mais vivo na memória, toca o coração deles quase como toca o seu. Não sei o real motivo de ser assim, mas imagino que seja simpatia mútua entre os povos aliado ao espetáculo que Pelé e companhia deram de presente aos nossos hermanos da América do Norte.

Eles entraram para a história, como sede do mais belo futebol já apresentado na terra em todos tempos. Viram um espetáculo de Pelé, Gérson, Garrincha, Tostão e Jairzinho. Foi uma apresentação única, não haverá outra vez. Foi turnê única, em 70, no abençoado México.

Por trás dos números do Datafolha

Publicada nesse último final de semana a pesquisa Datafolha: Serra 36%, Dilma 27%. Serra confirmou oficialmente sua candidatura, o que o fez recuperar o patamar de intenção de votos da pesquisa anterior. Dilma apresentou praticamente o mesmo número.

O problema está em outra pesquisa. Lula confirmou o que todos já esperavam, quase 80% de aprovação (ótimo ou bom), recorde absoluto pós ditadura entre todos os presidentes avaliados. Um outro estudo analisa a transferência de votos, e aí que mora o perigo. Dilma conseguiu herdar apenas 30% dos apaixonados por Lula, enquanto outros 32% dizem simpatizar com Serra. Ou seja, esse volume tem muito a crescer para o lado da candidata, ou não.

Dilma e Serra são simpáticos como uma pedra, têm muito pouco carisma. Lula terá que participar ativamente na campanha pra engrossar esse caldo da transferência e fazer sua sucessão. Serra terá a difícil missão de fazer oposição sem bater muito em um governo que apresenta o apreço da maioria da população, algo como "poderia ser melhor se eu estivesse no comando".

Foi dada a largada de uma corrida que só deve ser decidida na reta final, lá em outubro. É esperar e votar consciente.

Em São Paulo o cenário é tranquilo para os tucanos. O PT não se entende e continuará não conseguindo eleger um governador paulista. Mercadante coleciona deslizes políticos recentes, tem 11% das intenções e o apoio da cúpula petista. Suplicy tem 19%. Alckmin já deve inclusive ter estourado a champagne.

quarta-feira, 24 de março de 2010

O protagonista é outro gaúcho, mas todos esperam o mesmo final

A convocação final para a próxima copa do mundo está próxima e os 192 milhões de brasileiros compartilham a mesma dúvida: Ronaldinho Gaúcho vai ou não vai? Sintonize em qualquer programa de mesa redonda e essa pergunta será o foco da discussão. A argumentação principal é muito boa, visível todos os finais de semana por quem acompanha o Calccio na tela da RAI, nos jogos do Milan em sua casa, o belo San Siro. A título de informação, o estádio é municipal, dividido entre milaneses e torcedores da Inter, que o chamam Giuseppe Meazza, em homenagem a um antigo ídolo. Ambos os clubes pagam aluguel a cidade de Milão quando necessitam usá-lo. O estádio é todo dividido em vermelho e azul, desde vestiários (o da Inter bem mais moderno) até a lojinha de souvenirs. O camarote Dolce & Gabbana atende a gregos e troianos endinheirados, diferentemente da Pirelli, que aparece apenas quando o time de José Mourinho entra em campo.

Essa interrogação geral me remete imediatamente à 2002, substituindo a dupla Dunga-RG por Felipão-Romário. Naquela ocasião havia um clamor popular para que Felipão deixasse o baixinho fazer parte da família Scolari. O sisudo gaúcho tinha suas próprias crenças, estratégia muito bem definida, competência e fé no trabalho em equipe. O resultado final dessa decisão todos já sabem e tiveram que engolir antes de comemorar.

Tenho fortes indícios para crer que o Dunga não tem dúvida. Talvez o Jorginho também não a tenha. Ele também é gaúcho, também sisudo e, ao menos até agora, competente no desafio de comandar a seleção canarinho. Chegou desacreditado, ouvindo do mundo inteiro que não era técnico de futebol, tendo que liderar a melhor seleção do mundo abalada pelo fracasso do quadrado mágico na Alemanha. Contra tudo e contra todos, ele resgatou nos jogadores o orgulho de vestir a amarelinha, montou um time de futebol onde atletas e comissão técnica têm os mesmos objetivos. Você pode discordar de um jogador ou outro, mas não pode negar o sucesso do trabalho do Dunga, os números não mentem.

Dunga provavelmente não levará Ronaldinho. Ele não o vê como parte do grupo, talvez não acredite que ele possa integrar o banco de reservas, por exemplo. Ele também não aprova festas regadas a lemoncello e meretrizes na véspera de um jogo importante, questão de comportamento, vital para um típico disciplinador. Por outro lado, valoriza quem carregou o piano junto com ele, quem participou do processo de reconquistar o orgulho de nós brasileiros ao torcer. Esses comeram o pão que o diabo amassou e, em teoria, têm direito ao caviar africano.

Eu não tinha uma opinião formada até assistir alguns jogos do Milan. Meu pêndulo da decisão oscilava entre o talento nato do aspirante a vaga e a convicção de quem terá que tomar a difícil decisão. No lugar do Dunga, eu levaria o Ronaldinho. Acredito piamente no trabalho árduo e o talento me fascina. Não seria titular inicialmente, o time base do Brasil está bem definido, embora eu e muitos outros contestemos outros jogadores. Gilberto Silva é minha principal dor de cabeça quando penso na seleção, mas ouvi um papo ao pé do ouvido do Dunga com ele: "Sua situação é idêntica a minha em 94". Embora ainda relutante, vi bem o que nosso capitão fez e acredito que possa fazer sentido, só me resta torcer.

Metade do segundo tempo e nada. Marcação cerrada, jogo truncado no meio-campo, tensão total, você olha pro banco e vê um cara que pode fazer algo diferente, limpar um adversário em fração de segundos e mudar a cara do jogo. Ronaldinho Gaúcho é um reserva de luxo que nos daria um leque de opções não disponíveis hoje em nosso arsenal de guerreiros. Ele sabe que está fora do grupo, e também vê a oportunidade de ganhar uma segunda copa, de entrar pra história mais uma vez. Não creio que perderia a oportunidade de encantar a todos como em 2002, mesmo que seja pra sair do banco de suplentes.

terça-feira, 23 de março de 2010

Quinta-feira tem paredão

Tendo ouvido a especialista que a BandNews determinou para a cobertura do caso Isabella, teço meus comentários acerca do desfecho final dessa novela. A situação da defesa é extremamente complicada, a saber:

- A estratégia será descaracterizar as perícias técnicas usando como testemunhas os próprios peritos. Não me imagino contribuindo para uma avaliação ruim do meu próprio trabalho
- O juri é composto por 4 mulheres e 3 homens. Dados históricos comprovam que as mulheres são mais propensas a "sentir" a situação do acusado, tendendo a "perdoar". Entretanto, em um caso como esse, a tendência é que o instinto materno delas apareça com força, entendendo e compartilhando a dor de uma mãe
- O maior especialista em juri do país educadamente recusou o convite para fazer parte do time de advogados da defesa

Pendendo pro lado contrário, apenas a aparição do pedreiro baiano que viu alguém invadindo o terreno adjacente. Vamos ver o que ele tem a dizer, talvez nem se lembre mais dos detalhes. Fato é que a própria defesa vê a dificuldade da situação, poucas opções estratégicas para uma batalha que já parece definida.

O resultado deve sair ainda essa semana, daquele que já é considerado um dos crimes mais aterrorizantes do país.

Obs.: Em tempo, meus sentimentos à mãe. Mesmo no camarote, imagino que passar a semana inteira revivendo aqueles terríveis momentos de 2008 não seja algo agradável. Ainda há a possibilidade de acareação com o ex-marido, pobre coitada.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Eu e o Tchê!

Tive minha iniciação em Luis Fernando Veríssimo com Gula, da série Plenos Pecados. Eu já sei, comecei tarde, coisa de quem despertou paixão tardia pela leitura. Ótima narrativa sobre uma confraria gastronômica letal. Bem escrita, bem amarrada, humor e suspense em doses milimetricamente calculadas. Fiquei encantado, achei até que era feito sob encomenda pra mim. Continuando na linha do politicamente incorreto, com indicação de dois leitores de carteirinha, encarei a Luxúria, de João Ubaldo Ribeiro, igualmente intrigante e interessante. Tenho planos de cometer os demais pecados em breve.

Com a barriga cheia, comecei a fazer pesquisas no submarino usando o filtro Autor. Visando reduzir o custo quase fixo do frete, enviei logo dois pro carrinho de compras: "As mentiras que os homens contam" e o tão famoso "Analista de Bagé". Não gostei de nenhum dos dois. Imagino que os militantes do estado separatista do Rio Grande entendam melhor as tiradas do analista, e as mentirinhas dos homens talvez já tenham sofrido melhorias. Estava com a impressão de ter errado a ordem ao ler a obra de Luis Fernando Veríssimo.

Na dúvida se deixaria o gaúcho entrar em casa novamente, li algumas outras coisas. Dentre elas a série Crepúsculo, que abordarei por aqui no futuro. Ainda não li o último capítulo, Amanhecer. Como não guardo rancor de praticamente nada, comprei o último lançamento, o romance Os Espiões. Assim como o editor protagonista do livro, simpatizei bastante com a Ariadne de Frondosa. Eles me ajudaram a resgatar a alegria de ler Veríssimo. Estou novamente apto a voltar ao bar ali no Brooklin, tomar um chopp, ouvir som de roda de samba e comer feijoada regada a pinga e torrresmo.

sexta-feira, 19 de março de 2010

A revanche

Recorri a um grande amigo devidamente acompanhado do capeta pra ter sucesso na minha saga do celular. Nunca antes imaginei que o "666" resolveria meu problema, é o Lucifer me ajudando, interessante, intrigante e perigoso.

Não tive que botar o rabinho entre as pernas e envergonhado voltar pra onde já não me sinto bem. Enfrentei a italiana e me dei bem. Ela saiu pra conqusitar outros clientes e me deixou trancado num quarto vazio, sem sinal. Inspirado no grande e saudoso McGayver, usei um fio de cabelo pra abrir sorrateiramente a porta. Consegui fugir mas, como nem tudo são flores, me perdi.

No pouco tempo vagando sem rumo tive uma brilhante idéia. Voltei, chamei um chaveiro e mandei trocar o miolo. Como era tetra-chave demorou um pouco, mas o cara era bom, "hunter". Agora no comando, convido quem eu quiser pra entrar, a casa é minha. No momento, decidi por uma mais simpática. Ela educadamente me diz "Oi" sempre que me encontra e sempre traz um lache ou docinho, coisa de relacionamento novo. Nada mais justo que deixá-la com a chave. Gato calejado que sou, já avisei que se relaxar troco a fechadura novamente, não me custa nada.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Pode ser tarde ou não funcionar, mas ele tomou a decisão

Não simpatizo com o Ricardo Gomes, treinador do São Paulo, pelo simples fato de achar que ele não está à altura de um time como o São Paulo. Também acho impossível haver concordância geral de uma torcida, seja de um time ou uma seleção. Eu mesmo não concordava com o Scolari em deixar o Romário, e ele estava certo. Atualmente não concordo com Gilberto Silva na turma da Branca de Neve, espero que novamente o blogueiro esteja enganado.

O São Paulo não contrata em quantidade e qualidade assim desde que ganhei minha camisa 10 do Raí. Daí parte a transformação do meu pré-conceito em conceito de que ele não sabe armar um time, taticamente analisando.

Fato é que o Ricardo Gomes tomou uma decisão que me agrada para o duelo de logo mais: deixar um jogador “badalado” de fora, assistindo a Libertadores via Sportv. E o motivo todos já desconfiavam, deficiência técnica. Os comandantes demoram a tomar esse tipo de decisão, muitos interesses estão em jogo. Portanto, nesse caso, não me refiro ao protagonista e ao coadjuvante, mas ao roteiro.

Se a decisão é acertada? Não sei, mas será possível avaliar hoje depois da novela global. Obviamente essa avaliação depende de outras variáveis, dentre elas a tática, motivação e quem será o escolhido a honrar nossa história hoje anoite. Que entrem com o coração valente, Libertadores é assim, se ganha mais com raça e vontade que com técnica e futebol circense.

Novamente não vou acompanhar e, portanto, não poderei avaliar. Tenho algo muito mais importante a fazer, sou devoto de St. Patricks e não perco o aniversário do meu irmão de jeito nenhum. Parabéns meu caro, sucesso a você hoje e sempre. Daqui a pouco lhe concedo uma Guinness verde.

quarta-feira, 17 de março de 2010

News 13


Não sei se é um canal específico da Florida ou se cobre todo o território americano. Fato é que o canal 13 tem algo de muito curioso: A previsão do tempo é a principal atração do canal. A leitura do tempo é o grande destaque da grade, a saber:

Previsão a cada cinco minutos, sem exagero
- Cinco especialistas climáticos
- Nível de detalhamento das previsões beira o inteligível, com análises técnicas precisas
- Gráficos de diferentes formas identificam correntes marítimas e ventos que ainda nem sonham em chegar
- Previsões por hora do dia, com informação da hora aproximada que a chuva vai cair, que o sol vai abrir ou que você vai precisar de um cachecol
- Dicas para enfrentar as mudanças diárias no clima – leve a malha, carregue o guarda-chuva, não esqueça os óculos escuros, etc

Depois da estranheza inicial, uma pergunta: Por quê? Minhas hipóteses iniciais: 

1. Simplesmente ocupar o espaço livre na programação – imagino que eles não têm tanto material para compartilhar com a população como temos diariamente aqui: corrupção governamental e crimes hediondos, só pra exemplificar; Sei que uma vez a cada ano bissexto um “skinhead” de 15 anos invade sua escola com uma metralhadora semi-automática e mata meia dúzia, mas essa é outra história
2. Informar pra que todos aproveitem – eles usam muito apropriadamente os espaços de lazer e entretenimento. Saber as condições climáticas é variável importantíssima para planejar de forma adequada seu dia
3. Coisa de americano maluco mesmo e ponto final.

Fico com as duas primeiras alternativas. Ligo a televisão em qualquer canal e as chances de ver um político do distrito federal com dinheiro na cueca ou um louco do Santo Daime atirar sem motivo em um inocente são realmente grandes. É o que dá ibope, é o que temos a compartilhar. Perdemos a capacidade de indignação, já não achamos um, as coisas simplesmente funcionam assim. Esse traço comportamental é tão intrigante que outra hora abordo o tema com mais foco por aqui.

Quanto às opções de lazer a nossa disposição, fica difícil aproveitarmos na plenitude. É claro que estou falando de opções públicas, que além de poucas são mal conservadas e muitas vezes não incluem segurança como item de série. A previsão do tempo também não coopera para que planeje seu final de semana. Aqui é muito simples, para saber se vai chover veja se a previsão é de sol, e vice-versa. Acima da Linha do Equador, se um dos 5 especialistas do News13 falar que vai chover 3pm, se prepare pois vai chover entre 2h45pm e 3h15pm, não há dúvida.

O tema era só a curiosidade acerca da grade de programação de um canal americano, mas acabei tocando outros assuntos importantes do cotidiano brasileiro, como corrupção, violência e política. Fui tão breve com temas tão sensíveis que pensei em dar um “delete” geral. Mas não, considero introdução a assuntos que terão seus posts exclusivos aqui no blog em breve.

News 13: all local, all the time.

terça-feira, 16 de março de 2010

Minha primeira vez em uma cidade flutuante

Diferente das vezes anteriores, deixamos pra detalhar o roteiro da viagem um pouco em cima da hora. Talvez por já conhecer Orlando, talvez por saber que os parques e outlets estariam lá nos esperando todos os dias, com certeza pela correria instalada em nossas vidas pra conseguir sair duas merecidas semanas de férias.

Orlando está a aproximadamente 50 milhas de Cape Canaveral. Do mesmo porto de onde saem foguetes e ônibus espaciais americanos, também zarpam cruzeiros rumo às inúmeras praias paradisíacas do mar do caribe. O intrigante mar do caribe, é a “mesma água” do atlântico, mas porque é tão mais bonita? Ainda pesquisarei sobre o assunto e os informarei aqui.

Existem opções para todos os bolsos e disponibilidade de tempo. Depois de acabar com os limites dos cartões de crédito, decidimos fugir das araras de “Sale” e “Clearance” e embarcamos para um mini-cruzeiro de três noites nas Bahamas. Se uma imagem vale mais que mil palavras, vejam o “Welcome onboard” que recebemos:




Os detentores do cartão fidelidade da Royal Caribean já nem se lembram que pensaram isso um dia, mas vamos lá. A primeira idéia que vem à cabeça ao entrar em um navio de cruzeiro: impossível isso tudo flutuar. Refiro-me nesse caso ao Monarch of the Seas, mas planejando meu próximo cruzeiro ainda a bordo, vi que essa deve ser a impressão em qualquer um deles. O Monarch of the Seas tem doze andares, com tudo que um hotel pode oferecer. Bom, eu fiquei com um Formule1 no quesito quarto, e um ótimo  resort no quesito área de entretenimento. Parede de escalada, pista de cooper, jacuzzi e cassino eram algumas das atrações. “Stand up comedy” e “talk shows” tipicamente americanos davam o ar gringo a minha primeira viagem a bordo de um cruzeiro.

Havia comida praticamente 24 horas por dia. Além dos oficiais “breakfast, lunch and dinner”, pepperonis e hamburgers estavam à disposição aos que brincavam com a obesidade. Eles tentam misturar as pessoas nas mesas, como forma de forçar a integração das pessoas, coisa que o americano tem dificuldade por natureza. No café da manhã, eu e respectiva com mais 5 casais, todos representantes da melhor idade. O garçom educadamente anota os pedidos: 2 tigelas de frutas com granola acompanhadas de sucos naturais, 10 pratos com bacon e ovos regados a coca-cola. Café e almoço são mais informais, podemos sentar onde tivermos vontade, respeitando a regra da integração. O Jantar é mais formal, a mesa é fixa, assim como garçom e assistente de garçom. Fomos extremamente bem servidos pelo Manuel e sua equipe, com um peruano muito simpático. Manuel é indiano, origem da grande maioria dos que não estavam ali a passeio. Os portugueses, antes de pisarem por aqui, ao explorar o caminho das índias, deixaram seus nomes e sobrenomes por lá. Manuel e Mascarenhas me levaram a essa conclusão, além de outros figurantes que identifiquei pelo crachá.

Fazer um cruzeiro pelo caribe é uma viagem interessante sob vários aspectos. O caribe é recheado de ilhas, uma mais bonita que a outra. O mar exibe múltiplas tonalidades e muitas praias são quase virgens, pouco exploradas. Visita-las de outra forma que não o navio torna o planejamento da logística demasiado complexo. Tanto hospedagem quanto aéreo são caros quando comparados ao custo do cruzeiro. Fazendo conta de padaria, você pode investir pouco mais de 100 dólares/dia/pessoa em um cruzeiro, algo muito próximo ao que gastaria em qualquer hotel em solo americano, somando-se a alimentação. De forma relativamente econômica você faz uma única viagem em um cruzeiro e conhece vários lugares de uma vez, dormindo enquanto o capitão acelera os motores rumo ao próximo paraíso.


 Pude sentir o balanço do joão-bobo, mas não estranhei. Minha namorada comprou um par de pulseiras náuticas contra enjôo e ainda ouviu da vendedora que eles dispunham de comprimidos mais eficazes pra combater o que ela sentia. Foi apenas meu primeiro, um showroom, uma amostra das possibilidades. Visitei Nassau e a idéia era ir a Cococay, mas o senhor dos mares não autorizou. Nassau/Bahamas é um paraíso fiscal, muita gente desceu do navio com cartão de crédito na mão e sem nenhum protetor solar. Nós fomos a praia, fantástica como imaginávamos. Embora já explorada e maquiada pra receber gringos, é o caribe ora bolas, que mar é aquele?! Voltamos ao navio direto pra agência de turismo. Com olhar clínico, já sabemos qual será: Costa Maya, Jamaica e St Marteen ou St Thomaz. A idéia é embarcar no Oasis of the Seas, o maior do mundo. Analisando o briefing, desconfio que terei a mesma sensação da primeira vez.

sábado, 13 de março de 2010

Orlando para maiores: 12 anos depois

Voltei da terra florida na semana passada, bastante surpreso com a gestão Mickey Mouse. Orlando é a segunda cidade mais visitada do mundo, atrás apenas da cidade luz, Paris. Na busca do brilho nos olhos de crianças afortunadas de todo o mundo, os investimentos não param e o efeito colateral é uma cidade onde todos, crianças, adolescentes, adultos e o pessoal da melhor idade encontram bons programas. É uma pena que nós, brasileiros, concentremos grande parte do nosso tempo nos templos de consumo, pra depois desembarcar em Guarulhos e fazer sofrer o pobre carrinho do aeroporto, marcar “Nada a declarar” e começar a rezar.


Não faltam excelentes restaurantes, centros comerciais, outlets, além de uma interminável lista de eventos diversos para entreter americanos e estrangeiros. Adiciona-se a todos esses programas a qualidade impecável da prestação de serviços, algo que eu pessoalmente valorizo muito, ao custo de 18% a 21% sobre o valor da conta, “suggested gratuity”.

Não sou agente de turismo, mas aprendi algo de extremo valor com a dona do órgão que bombeia meu sangue por toda minha carcaça. Anotar exatamente tudo, com o máximo de detalhes. Acredite, por mais que a experiência tenha sido incrível, você não conseguirá nem sequer fazer sugestões a um amigo algumas semanas depois de desfazer as malas. Ontem um grande amigo me pediu esse favor, que prontamente atendi. Foi quando dei conta das possibilidades que a cidade oferece a quem tem a coragem de deixar de ir a um outlet por alguns dias.

Os outlets realmente são bons, tentadores eu diria. Contei a um casal americano sobre nossos preços de mercado, especialmente sobre nossa carga tributária. Aposto que a primeira coisa que fizeram quando voltaram a D.C. (Washington) foi pesquisar no Google pra ver se não tinham conhecido um índio albino e mentiroso.

Os parques dispensam comentários, fantásticos mundos paralelos. Fiquei impressionado com o número de idosos simplesmente passeando no parque em um dia qualquer. Eles têm essa cultura, de usar as áreas de lazer, algo bem estranho. Já não agüentamos mais ficar o dia inteiro em um parque de diversões, mas é uma experiência ímpar. Meu caro amigo, vá sim ao Magic Kingdom. Se precisar de ajuda por lá, te passo o telefone do RIP


Restaurantes de especialidades globais, premiados ou não, atendem àqueles com medo da batata frita, pizza e hambúrguer todo santo dia. Italiano, chinês, espanhol e havaiano (sim, existe!) são algumas das cozinhas que experimentei por lá, todos excepcionais nos quesitos atendimento, qualidade, ambiente e sofisticação. Chegue cedo, americano janta antes do Jornal Nacional.

Acho que conseguimos fugir um pouco do tradicional e descobrimos interessantes opções que Orlando oferece: tiros curtos de no máximo duas horas pra cidades próximas e um cruzeiro relâmpago no caribe.

A Flórida era um imenso pântano e os americanos aproveitaram muito bem essa aparente desvantagem da região. Muitas cidades têm um lago, barcos, áreas de lazer e esportes, bares, restaurantes, o que torna uma simples cidadezinha um local muito agradável para visitar. St Petersburg e Mount Dora são dois belíssimos exemplos que valem a viagem.


A pequena e histórica St Augustine merece um parágrafo só pra ela. Você leu isso mesmo, uma cidade histórica em plena terra do tio Sam. Essa pequena “vila” é considerada a primeira cidade norte americana. Na minha humilde ignorância, algum britânico teria chegado ali por volta de 1500. Um empresário local me contou a seguinte história com bastante entusiasmo: Embarcações espanholas com destino a América Central, pós descobrimento em 1492, avistaram pela primeira vez aquela terra desconhecida, a qual nomearam Florida devido à abundância de flores presentes. Talvez por medo do desconhecido ou mesmo para manter o curso original, resolveram não jogar a âncora. O primeiro oficial de tal expedição então organizou, anos mais tarde, sua própria embarcação para explorar aquela terra tão bonita e inexplorada. O espanhol Menendez de Aviles e sua tripulação foram os primeiros a pisar ali, onde eu naquele momento me deliciava. Sim, os espanhóis chegaram antes dos ingleses. Logicamente era de se esperar, mas eu realmente desconhecia detalhes dessa história. É um típico pedaço europeu em solo americano. A cidade é pequena, charmosa, acolhedora, ruas estreitas e sem calçadas nos remetem ao velho mundo, imperdível, uma maravilha.


O cruzeiro, embora curto, foi minha primeira experiência em uma cidade flutuante, portanto merece um post exclusivo. Uma amostra grátis pra aguçar os sentidos:



Orlando despontou em função do mundo encantado da Disney, mas atualmente oferece muito mais que montanhas russas e filmes 3D. Uma viagem para qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer momento da vida, e com bom custo-benefício para o bolso brasileiro. Uma pitada de economia para facilitar as coisas: dólar recua pelo quarto dia consecutivo e acumula perdas de 1,23% na semana (12/março). É só aproveitar!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Quanto custa o par de placas do seu carro?

Dos R$ 63,00 pagos pelo contribuinte por um par de placas comum, o fabricante fica com aproximadamente R$ 4,00 das placas do interior paulista e R$ 2,00 das placas da capital, adivinha pra onde vai o restante?
A título de informação, as placas reflexivas custam em torno de R$ 80,00 e, ao menos em Barueri, representam em torno de 40% das placas trocadas por dia. Nesse tipo, de maior "valor agregado", o fabricante "paga" o prejuízo causado pelo modelo comum, imagino eu.

quinta-feira, 11 de março de 2010

A saga do celular

Parece reprise do post anterior sobre a documentação do carro, mas infelizmente não é.

De forma bem sucinta

A italiana me fez juras de amor, daquelas de deixar qualquer um de queixo caído. Nem aproveitei o momento, fui traído. Tentei a reconciliação de todas as formas, telefone, mensagem, e-mail e carta a moda antiga. Não funcionou. Tentei partir pra outra, pra alguém que me falasse ao menos um oi, também me dei mal. Italiana é sangue quente, bixo ruim mesmo, como se diz no interior. O acordo foi bem amarrado e não tenho direito de ir embora, terei que meter o rabo entre as pernas, bater na porta da minha ex-atual-casa e então fingir que temos uma união estável.

Que começo de ano atrapalhado! Tempos melhores virão, tenho certeza. Como bom sonhador, já vejo uma luz logo ali, o fim do túnel está próximo.

Para o resto dos brasileiros...

http://www.youtube.com/watch?v=xX-zAgVykjM

A saga do carro

Talvez nem imaginem o quão complicado é regularizar a documentação de um carro em nosso país. Sou de longe uma das pessoas mais relaxadas com carro que conheço, perco pra apenas um dos meus amigos aqui na capital paulista. Em linhas gerais, não transferi pro meu nome um carro que comprei há mais de um ano, não troquei a placa que ainda menciona a califórnia brasileira acima das letras e números e, quando já achava muito, identifiquei cinco singelas multas. Sou democrático, uma por cinto de segurança do passageiro, uma por contato telefônico com empresa de telemarketing enquanto dirige um veículo, uma por estacionar onde apenas mendigos são autorizadas e duas por velocidade acima do permitido. Soma-se a essa bagatela, taxas de licenciamento e seguros obrigatórios do ano vigente. Inicio março com uma TV de LCD a menos no meu orçamento.

Primeiro contato com o despachante: Você resolve isso tudo em 3 ou 4 dias AMIGÃO! Minhas macro tarefas seriam: Encomendar e trocar o par de placas e realizar a transferência do documento

Encomendar e trocar o par de placas, a missão!
Encomendar é fácil, visto que significa tão somente pagar. Trocar é algo que requer super-poderes. Calculo que já rodei uns 100km de carro e uns 5km a pé na tentativa. Duas idas ao despachante, duas ao detran, em duas cidades distintas, e agora tenho o seguinte: "Sabe o que é?, perderam seu par de placas, a empresa que ganhou a concessão é nova, teremos que pedir outra". Amanhã entro no padrão nacional de placas, não precisarei mais me preocupar com a identificação do meu veículo.

Realizar a transferência, o parto!
Três idas ao despachante, três pessoas diferentes, três informações diferentes. A prestação de serviços no Brasil deve nivelar com o futebol da Indonésia. Em tempo, três idas ao meu carro pra tentar fazer um decalque do chassi, sem sucesso. Uma ida a concessionária, onde o porteiro me ajudou. Com toda documentação e uma montanha de dinheiro, meu "processo" foi criado. Com menos de 1 minuto de vida, ele tem uma paralisia cerebral e deve ficar encostado até que a inspeção ambiental veicular seja regularizada.

Valeu um parentesis sobre a inspeção veicular paulistana, a única parte inteligente e simples do processo. Com renavam em mãos, acesse o boleto virtual, faça o pagamento, agende a visita e bingo, tudo pela novidade chamada internet - parabéns ao governo municipal, embora a história desse país me faça acreditar que algum parente de alguém seja dono da Controlar.

Nesse estágio estou, os 3 ou 4 dias já são quase 10 e ainda não vejo a ostra que tem a pérola dentro. Como a saga toda seria muito longa pra contar aqui, resolvi postar hoje mesmo, já dá uma boa idéia do que passamos com coisas simples. Embora nesse caso o pontapé inicial seja a falta de organização do blogueiro.

Um abraço e bom final de semana.

Obs.: Na face norte da América um cidadão qualquer, até mesmo um estrangeiro, compra um carro ou imóvel e obtém toda documentação em questão de horas. Somos o país do futuro, sempre!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Desejo MERDA pra você!

Antigamente, o sucesso de uma peça teatral era medido pela quantidade de charretes presentes ao local do evento. Com muitos cavalos estacionados por horas enquanto aristocratas se divertiam lá dentro, você pode imaginar a cor e o cheiro do piso lá fora. Conclusão: quanto mais merda, mais sucesso!

fonte: Boechat, minutos antes do macaco Simão hoje cedo - BandNews FM

terça-feira, 9 de março de 2010

Retour à la cuisine

Final de 2008, não muito depois da mudança de status no meu orkut, um pouco por culpa própria, outro tanto por opiniões pouco fundamentadas de grandes amigos paulistanos que haviam presenciado apenas um “arroz com feijão”, a pressão pra demonstrar meu talento com o manuseio das panelas tem início. Nesse período havia um impeditivo técnico, a falta de estrutura do meu “cafofo” me trazia certo conforto momentâneo.

Nos meses subsequentes tive a clareza que a tarefa não seria nada fácil. Considerar algo bom ou ruim, bonito ou feio, interessante ou não, ou qualquer outro adjetivo que possamos imaginar, depende substancialmente de uma referência, um padrão. Nos doze meses seguintes tive noção do referencial que teria pela frente. Conheci dois verdadeiros Chefs de cozinha, dois estilos tão diferentes quanto geniais no ambiente adjacente à copa. Do simples ao requintado, ambos perfeitos na escolha, no preparo e na execução, um deles com um senão no pós implementação, profundos conhecedores do assunto. Estava diante dela, a tal referência. A oportunidade também estava ali, viabilizada pela observação, e eu não a deixaria escapar de jeito nenhum.

O miojo de galinha caipira é a primeira memória viva que tenho em frente a um fogão de quatro bocas manual. Ferva a água, adicione o conteúdo por 3 minutos, passe num coador e adicione o pozinho mágico, rá! O toque final algumas vezes foi com salsicha sadia fatiada, um ar de sustância na refeição antes do ônibus rumo a universidade. Um pouco por necessidade, muito porque realmente gostava da tal caipira do Sr. Lamen.  Não tenho sucesso ao precisar o momento de despertar do meu prazer pela culinária, mas arrisco dizer que há ligação com minhas origens italianas. Massa era tema recorrente do meu limitado menu, talvez o mais refinado e barato que eu conhecia até então. Nas vezes em que ela se ausentava, assava ou grelhava um animal qualquer com acompanhamentos tradicionais. E já iam-se anos que eu não girava o botão escolhendo entre fogo baixo, médio ou alto e apertava o outro pra faísca acender, creio que pelo menos quatro primaveras.

Miséria pouca é bobagem, como se diz no interior do país. Já não existiam mais desculpas e, embora a pressão já fosse muito mais minha, resolvi que o retorno teria que ser ousado, temperado. Minha cliente nesse dia está para o camarão assim como o tio Patinhas está para o dinheiro, incluindo aquele giro rápido dos olhos com o sifrão.
Obs.: Eu poderia substituir o fruto do mar pela gelada do freezer na metáfora, sabendo que ela não me recriminaria pois apreciamos juntos e com prazer tal “vício”.

Jogue tudo isso em uma panela de aço inox com tampa de vidro e respiro, tempere com a expectativa da mulher da sua vida, está montado o cenário de uma tarde de sábado num fim de semana qualquer de janeiro de 2010.

Era arriscado ir direto ao fundo do mar sem bomba de oxigênio, considerando que não tinha passado de um espaghetti bolonhesa, mas assim seria. Nada poderia ser fácil, acompanhamento proibido a base de um bom arroz selvagem. Saborosa cerveja importada Duvel e Amy Winehouse no vocal ambientavam o local no meu retorno triunfal. Ou não, se Caetano puedesse me aconselhar.

Eu nunca tinha pescado um camarão, quanto mais aquele habitante da bela e Santa Catarina. Jamais havia comprado sequer um arroz selvagem, tive que pedir ajuda a um assistente no Pão de Açúcar. Até minhas panelas estavam aflitas, tímidas diante de desconhecidos. Instrumentos cirúrgicos comprados na boca do caixa à mão, eu plenamente a vontade ali, no comando da cozinha e da situação.

Regado a boa prosa e degustação cervejeira, saiu! Demorou, de fato muito mais a  decidir encarar o desafio que efetivamente executar o planejado no dia anterior. Com toque da caulinária indiana, pinceladas da história da China, pesquisas via Google e observações atenciosas de um aprendiz de feiticeiro, meu retorno tinha cara, cheiro e sabor.


segunda-feira, 8 de março de 2010

não concordo, mas felicito

embora entenda como a oficialização dos demais 364 dias como dias do homem, parabéns a todas que se encaixam no que um dia já foi "sexo frágil".

Bem-vindo / Bienvenido / Welcome / (não sei escrever na língua do Avatar)

Inauguro hoje meu blog pessoal! Embora não tenha noção do que vou postar aqui e ainda tenha que me acostumar com a idéia de registrar acontecimentos na minha vida, acho interessante e intrigante a tentativa.

Sob forte influência de um irmão redator, um sogro contador de histórias e um tio recém casado, inicio esta empreitada. Meus devaneios iniciais devem tocar gastronomia, viagens, histórias pessoais e profissionais, além de idéias e bobagens que eventualmente me ocorrem. Muito pouca coisa sobre muita coisa.

Que desfrutem comigo essa experiência, grande abraço.