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terça-feira, 26 de outubro de 2010

que lugar é esse?

É como se de repente trocassem as mãos das ruas, bairros novos tivessem brotado onde não parecia haver espaço, novos viadutos cortassem as principais avenidas, agora bem mais amplas, bonitas e funcionais. Aquele "caminho da roça" não existe mais como outrora, faz-se necessário encarar alguns semáforos adicionais, além de um desvio a três quadras do destino final, fruto de uma nova praça recém-inaugurada no centro. Virou cidade grande, oficialmente denominada região metropolitana. Não é difícil ouvir que nos horários de pico uma ou mais ruas ficam intransitáveis. Quase que sem querer, a cidade já tem até mesmo um anel viário formado por algumas rodovias estaduais, como as marginais já foram um dia para a capital paulista, papel hoje que cabe ao Rodoanel Mário Covas.

Alguns anos para o cérebro geram impacto similar ao que se sente nas pernas durante as peladas ocasionais, falhando em momentos decisivos. "Vou subir a próxima rua e chego na avenida". Esquece, a próxima rua não sobe mais, ou sequer nunca subiu de fato. Sete anos de vida intensa ali mesmo vividas parecem não valer nada diante dos cinco de ausência. Está ali pertinho, no inconsciente, mas parece embassado. A idade pesa pra todo mundo, e a cidade definitivamente cresceu demais.

Curioso é lembrar como em pouco tempo ela transitara entre gigante, grande, média, pequena como um ovo e agora voltara ao normal, grande, imponente, importante. Era gigante com postos de gasolina self-service, grande com Mc Donald's em toda esquina, pequena de forma a encontrar todos amigos em todas as baladas, todas as noites. E voltou a ser grande simplesmente porque nunca deixou e nem deixará de ser.

Cidadão do mundo, popularmente conhecido como nômade, sofre com as mudanças da vida. Muda e monta novo acampamento em cada nova etapa da vida, descobre um pouco mais do novo, esquece um outro bocado acerca do anterior. A vida é sim uma caixinha de surpresas, como alguém certa vez já definiu o esporte bretão. Ela, que tantas vezes apronta, porque não o faria novamente, digamos, por vingança? "Não vem mais aqui, esqueceu de mim, não me dá mais atenção. Mudei pra que tenha que voltar e me conhecer novamente".

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Riding on Powerful Music

Decidi escrever esse texto semana passada, precisamente dia 30/09/2010 às 19h00, no meio de uma aula de RPM na academia. O porquê pensei nisso ali, naquele momento de fadiga extrema, ainda não sei, mas imagino que tenha sido apenas mais um artifício para suportar a "pressão" e terminar o treino vivo. De forma breve, sucinta e desprovida de conhecimento técnico, RPM é um treino desenvolvido em cima de uma bicicleta fixa, com objetivo de melhorar a capacidade aeróbica. Maiores detalhes com quem criou a modalidade - Body Systems RPM.

O treino de RPM começa de fato quando você toma a decisão que vai encará-lo. Você não pode, por exemplo, malhar perna antes de subir na bike. Você sabe que não vai ser brincadeira, que será exigido ao máximo. Bate aquela lembrança da semana passada, você hesita, pensa dezenas de vezes. Por outro lado, lembra da empolgação da galera, da "vibe" da sala e da competência do professor, bingo, são 18h30 e você já está regulando a bike.

Não sei ao certo quantas músicas são, essa parte do meu cérebro fica inoperante tamanho esforço físico. Resumidamente é aquecimento, parte principal e alongamento. O aquecimento é composto de apenas 1 música, a parte principal tem 5 ou 6, enquanto o alongamento tem 1, ufa! Dessas 5 ou 6 da parte principal do treino, é impossível esquecer das 3 que o professor carinhosamente chama de "parte forte" do seu treino. É "pesado sentado", "aumenta a carga e sobe", "mantém e acelera" que não acabam mais, é hora de ver estrelas e sonhar com a sauna às 19h30. Depois da primeira parte forte do seu treino, não há muito que descansar, exige-se exercício moderado. No idioma do RPM, moderado não é o que parece, representa uma percepção de esforço em torno de 70%. Respire fundo, tome um gole de água, acerte a posição do seu corpo, relaxe os ombros e prepare-se para a segunda parte forte do seu treino.

Durante o aquecimento, não passa muita coisa pela cabeça a não ser "Tá tranquilo, vou dar conta". Quando a fase do "unilateral", "aperta e puxa", "quer aula vai lá pra fora, isso aqui é treino", muitas coisas passam pela cabeça daquele que pedala. Posso garantir que a 1a é: "O que que eu estou fazendo aqui?". A impressão de que você não chegará ao fim é evidente e, a essa altura do campeonato, os exercícios são executados a uma percepção de esforço muito próxima de 100%. Nesse exato instante, a postura do professor e sua capacidade de concentração são fatores primoridias para tirar o algo mais e chegar até a música de alongamento com a sensação de dever cumprido.

No quesito professor posso afirmar que sou sortudo, tenho a disposição o segundo melhor do mercado. Um parêntesis para falar do número 1, Tchelo, meu irmão. Os que não o conhecem podem imaginar que estou puxando a sardinha pro lado da família, raciocínio mais que natural. Os que o conhecem profissionalmente, sabem do que estou escrevendo. Para resumir e não fugir do tema principal do post, transcrevo aqui o que falei a um colega de trabalho semana passada no café: "Até hoje não conheci uma única pessoa que seja tão feliz no trabalho quanto meu irmão". Esse fato, por si só, traduz o benefício que os alunos podem extrair de seus treinos. Não conheço o Fábio como conheço o Tchelo, mas arrisco a dizer que também é um cara feliz com seu trabalho. Um profissional dedicado e focado em fazer com que você treine pra valer, além de fazer questão que os alunos entendam o que estão fazendo, qual músculo está sendo trabalhado, quais os objetivos de cada exercício. Acredite, isso faz toda a diferença, ajuda você a se motivar pra subir montanhas sem sair do lugar.

A concentração, como em qualquer outro esporte, também é essencial nas pedaladas. Você deve mentalizar o treino, concentrar em cada movimento e ter a certeza que os está executando de forma adequada. Essa, que parece a mais fácil, é a parte mais difícil. Está na natureza humana pensar em desistir quando a dor e o cansaço chegam de forma tão intensa. Olhe pro lado, veja que a galera está fervendo, sinta o poderoso som da música que toca, olhe pro professor pedalando pela 3a ou 4a vez no dia com o mesmo empenho, ou simplesmente sonhe com a sauna logo mais.

Disfrute o pós treino, a boa e leve sensação de dever cumprido. Um vitamina, um temaki ou até mesmo um hambúrguer, afinal você merece. Use essa lembrança final na próxima terça ou quinta, você vai precisar dela pra ajustar a bike às 18h30 e começar tudo de novo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Razões pra crer que não haverá segundo turno, espero estar enganado

Há pouco tempo escrevi um texto relatando uma das técnicas que institutos de pesquisas estavam usando para manipular os resultados. Desde então, ouvi tanta coisa corroborando o que todo mundo tanto desconfia, que resolvi esperar pra ver onde ia chegar antes de escrever algo com tag política. Sempre que pensava em escrever sobre o assunto ouvia rumores de algo pior, mais cruel e manipulador, e então resolvia aguardar.

Na semana passada tive acesso a uma análise feita por um jornalista de um dos mais renomados periódicos do país. Nessa análise o sujeito relata a crueldade da metodologia empregada nas pesquisas que temos acompanhado com mais frequencia a medida que o pleito se aproxima. Ele examina os métodos com precisão digna de um estatístico, de modo que nos brinda com um olhar clínico e crítico acerca da sucessão presidencial do Brasil.

Tentarei resumir e transformar em linguagem simples o rico estudo que graças à Internet eu tive acesso, espero que tenha sucesso. São dois os problemas apresentados por tal pesquisa, intencionalmente ao que tudo indica. O primeiro se refere às cidades consideradas na amostragem, em sua grande maioria na região Nordeste do país. O segundo é quanto ao tamanho da amostragem, selecionando proporcionalmente menos eleitores no Sudeste que no Nordeste. A título de exemplo, seria como entrevistar uma centena e meia de pessoas em São Paulo-SP frente a algumas dezenas em Garanhuns-PE.

Talvez não houvesse necessidade, mas como tenho dificuldade de saber se estou sendo suficientemente claro nas minhas explicações ou mesmo nos textos, tecerei alguns resultados decorrentes do uso de tal artifício. O presidente Lula tem alta aprovação de seu governo em todo o Brasil, índice que é ainda mais elevado na região Nordeste. É evidente induzir que em tal região Dilma leve vantagem sobre Serra, Marina, Plínio e os demais candidatos. Com Dilma ligeiramente a frente nas pesquisas, também não é difícil imaginar que a tendência era de um distanciamento ainda maior nas pesquisas seguintes. Além de um efeito psicológico que atinge, principalmente mas não exclusivamente, o eleitor menos esclarecido, há também o profundo desconhecimento de como funciona a eleição em dois turnos por boa parte da nossa população.

O efeito psicológico é traduzido nos comentários do tipo "já era, não tem mais o que fazer", enquanto o desconhecimento do processo fica evidente em "votar na Marina é a mesma coisa que votar na Dilma". Para o primeiro distúrbio, tenho ótimas indicações de pscicólogas na linha fundamentalista ou freudiana. Já quanto ao segundo, achei um vídeo muito didático. Como na tradicional pizza de domingo anoite, escolha seu sabor favorito no próximo dia 3 de outubro.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A viagem do terno

Se você nasceu homem, provavelmente já me usou. Mulheres, salvo as advogadas, jamais me usaram ou usarão, a pesar de me apreciarem bastante. Em geral sou objeto de razoável valor, embora também esteja disponível em versões populares. Sou caprichosamente desenhado, cortado e alinhado, às vezes até mesmo de forma artesanal. Você, que não me usa para fins profissionais, recorre aos meus serviços apenas em ocasiões especiais. Além de um investimento inicial considerável, continuo demandando custos e cuidados na manutenção, lavagem e armazenagem, durante toda minha vida e da sua também, desde que você não engorde.

Como eventos especiais ocorrem em todo santo lugar, invariavalmente tenho que encarar uma ponte aérea. Esse é o momento que sinto calafrios, medo do futuro que se aproxima. É fato que algumas vezes bebo mais whisky ou vodka que gostaria, mas não costumo ficar nervoso quando estou me divertindo, ou melhor, me embreagando. É inevitável pegar um vôo vez ou outra, meu usuário é parte de um grupo seleto de convidados pro evento em questão, às vezes até mesmo é um dos padrinhos.

Voltando ao tema central desse meu desabafo, saindo da lavanderia vou direto pro saco e fico ali, no armário, esperando o momento do check-in. Não posso culpar meu dono, que fura fila com cartão ouro só pra me acomodar apropriadamente. Vôos domésticos não disponibilizam nenhum mísero cabide a bordo, não adianta insistir com comissária ou chefe de cabine. Aperta daqui e dali, pronto, estou aqui no bagageiro de um Boeing, Airbus ou Embraer.

Embora saiba que raramente vai acontecer, fico na esperança de que o passageiro da janela tenha o cuidado, a sensibilidade e a inteligência de um ser humano qualquer que entenda o conceito de empatia. Definitivamente não é o que ocorre. Mesmo tendo lugar marcado lá no final, o cidadão resolve deixar a mala ali na frente com receio de não encontrar espaço lá atrás. Nessa simples decisão, ele complica sobremaneira a situação da senhorita que vem logo depois, além de me amarrotar inteiro. Ela, por causa dele, vai ter que deixar a mala mais adiante, imagine o desembarque. Não há diálogo nem tão pouco preocupação, ele me amassa contra a mala ao lado e, em 2 segundos, acaba com 2 horas de trabalho da passadeira.

No vôo de volta, 2 dias depois e com uma baita cara de ressaca, me jogo de qualquer jeito ali no mesmo bagageiro, poltrona 3D ou 4C. Já não sinto a mesma tensão e pouco importa, a festa foi fantástica. Assim como meu companheiro, quero só um bom banho e cama depois que chegar em casa. Por incrível que pareça, aquele sujeito do vôo de ida não voltou, ninguém sequer me toca. Teria a Lei de Murphy um capítulo específico para ternos?

terça-feira, 31 de agosto de 2010

amigos das antigas, amigos pra sempre

Na maioria das vezes eles não sabem quando vai acontecer de novo, apenas que vai demorar um bocado. Pode ser como o Natal, uma vez ao ano, mas quem garante que não será cruel como uma Copa do Mundo? Naquele momento de euforia, daquelas típicas de um adolescente, chegam a pensar que não, por que não semana que vem? Combinam Reveillon e Carnaval na casa de praia, fecham planos para uma viagem de moto pela Route 66, marcam um simples almoço na correria do dia-a-dia da terrível semana que ainda nem começou.

Contam, como se fosse hoje, as presepadas de uma vida deliciosamente vivida no fim do milênio passado e no início deste. Os novos, recém ou pseudo agregados, devem pensar que os papos são repetitivos, as histórias chatas e sem graça, a mesma ladainha do churrasco passado. Se relembrar é viver, não deveriam achar e sim ter certeza, pois são exatamente as mesmas, por vezes em versões menos detalhadas quando a memória hesita ou falha. Ver poesia naqueles causos tantas vezes contados não é simples quanto possa parecer, é preciso ter vivido, experimentado, compartilhado, jogado bola às segundas-feiras, além de ter religiosamente frequentado a Zoff nos finais de semana.

A vida estrategicamente os separa, quiçá de forma a terem idéia do que realmente necessitam como combustível para continuar vivendo. Fulano sai a desbravar horizontes outrora distantes, Ciclano inicia um novo negócio, enquanto Beltrano levanta acampamento por um grande amor. Esses percalços são pequenos frente a tantos outros que a vida proporciona, que tentam incessantemente fazê-los esquecer da importância dos encontros, conversas e gargalhadas sem vergonha de ser feliz. O esforço de cada um será cada vez mais o fator decisivo para que tais momentos perdurem, aconteçam ao menos mais uma mísera vez, nem que seja uma pizzinha aos 45 minutos do segundo Domingo do mês.

O final da festa também é sempre o mesmo, melancólico - "Vamos combinar mais vezes!", "Me liga pô!", "Passa em casa quando estiver por aqui". Sabem que a próxima vez ocorrerá apenas quando outro evento chegar, aniversário do Ciclano, Sábado gourmet ou quando o churrasco finalmente vingar, provavelmente só ano que vem. A essa altura pouco importa, todos acabaram de renovar o estoque do sentimento confortante de serem amigos assim, já não restam mais dúvidas que haverá uma próxima.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

32 horas em Ibiza

Fosse algum tempo atrás, ela teria sido o principal motivador de uma eventual viagem à Europa. Não que tenha perdido a importância visitá-la, mas é inegável o impacto do tempo em nossas ambições, objetivos e até mesmo gostos pessoais. De uma forma ou de outra, é como uma pós-gradução, um MBA, você precisa ter no currículo para que um dia possa considerá-lo próximo de completo.

Ibiza é parte do que os espanhóis chamam de "Islas Baleares", um conjunto de ilhas localizado ao sul de Barcelona, aproximadamente 45 minutos de vôo. Também é possível usar transporte marítimo, tanto de Barcelona quanto de Valência. Obviamente há vôos saindo de Madri e de praticamente todas as capitais do Velho Continente. Linhas aéres ditas "low cost" te ajudam bastante na hora de adquirir o passaporte da alegria, companhias como Easyjet ou Vueling cobram menos de 40 euros, dependendo da época do ano.

Eu decidi fazer minha primeira expedição não corporativa à Europa em setembro do ano passado. A princípio ia sozinho, mas tive a agradábilíssima companhia de um grande amigo nessa aventura. Decidimos focar em um só país, tentar conhecer a fundo, sair dos roteiros da CVC, aprender um pouco da cultura local ao invés de tirar fotos apenas das capitais de uma dezena de países em 3 semanas de viagem. Escreverei sobre a viagem pela Espanha em outro post, esse aqui é especial pra Ibiza.

Com tantos outros lugares pra visitar, teríamos menos de 48 horas para desfrutar o que Ibiza tem de melhor. Olha que tivemos a opção de voltar pra casa no aeroporto de Barajas, em Madri


Observe a hora do vôo, chegamos em Ibiza pouco depois da meia noite. Esperando por suas malas, no aeroporto de Eivissa, você já tem noção de onde acabou de pousar: flyers por toda a parte anunciam o ritmo das próximas noites, com os melhores DJs tocando nos melhores clubs do mundo. Malas no táxi, banho e esquenta no hotel, estávamos na primeira balada por volta das 2h. Isso mesmo, sem fila, sem hostess que não tem onde cair morta te barrando na porta, sem stress, transporte via DiscoBus, bem-vindo ao primeiro mundo das baladas.

Compramos os nossos ali mesmo, na recepção do hotel, por 2 ou 3 euros a mais que nos pontos oficiais. Não havia tempo a perder, fomos direto à mãe das casas noturnas em todo mundo, Pachá.


A Pachá é uma verdadeira indústria do entretenimento, um negócio milionário. Além de lojinhas na própria balada, você encontra muitas outras espalhadas pela cidade e também no aeroporto, onde você compra todo tipo imaginável de souvenirs, incluindo produções musicais com o selo que lança tendências mundo afora. A balada é fantástica, som de altíssima qualidade, vocal feminino pra acompanhar e sets inovadores. Nossa chegada não poderia ter melhor trilha sonora


Tendo ouvido atentamente ao set, conhecido todos os inúmeros ambientes e arrematado souvenirs, voltamos ao Lux Mar Apartments, restavam 24 horas e os planos ainda incluíam um pôr do sol e uma balada antes de levantar acampamento.

Acordamos tarde, tiramos muita onde do Bruno, que perdera a balada da noite anterior por ter "queimado a largada" no esquenta. Sob fraca chuva fomos ao centro descobrir se aquela ilha tinha vida diurna. Tem sim senhor, mas é fato afirmar que ela gira em torno da noturna. É ali, nos bares, cafés, restaurantes e lojas de CD que você começa a mapear a balada da noite, saber onde cada DJ vai tocar, qual vai efetivamente pegar.  Foi assim que descobrimos que aquele era o último dia da também famosa Espuma de Ibiza, no club Amnesia. Decisão tomada, ingresso comprado e opa, já são 16h30, bora pro Café del Mar!


Toda a magia do local que ostenta o título do pôr do sol mais famoso do mundo. Lugar extremamente agradável, muita energia, lounge music de qualidade e cerveza gelada embalam o aquecimento pra noite. As pessoas vão até ali pra contemplar o momento do pôr do sol, uma espécie de benção. Mesmo com o tempo parcialmente encoberto, ali estávamos nós e muitos outros, com máquina fotográfica em punho.

Uma horinha de repouso, banho e estamos prontos para "The one & only Foam Party"! Numa dessas não tem jeito, é bermuda de surfista e chinelo, no meu caso Crocs. Eu já havia estado antes em uma festa assim, no club Ibiza, Camboriú-SC. O Caio ainda não, e ainda por cima aquilo era Ibiza! A expectativa era alta e não nos decepcionamos. A preparação teve Michael Jackson


Som calibrado, bateria eletrônica de altíssimo gabarito e muita, mas muita espuma mesmo



Assim acabavam nossas horas na ilha da fantasia! Voltamos ao hotel, tomamos um banho e um táxi rumo ao aeroporto, 08h30 teríamos vôo rumo a próxima escala da viagem. Depois do famoso revertério do Caio, causa raiz de sérios problemas na rede de esgoto local na semana seguinte, embarcamos para a capital da Catalunya, Barcelona.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Brasileiros, preparem-se para receber os ingleses em 2014!

Na semana passada o comitê organizador das Olimpíadas de Londres-2012 lançou um manual de recomendações aos ingleses, de forma que saibam como se relacionar com os turistas que desembarcarão por lá. Em especial aos brasileiros, tal manual menciona, por exemplo, que não somos pontuais, que nossas mulheres só usam decotes, dentre outras pérolas. Seguindo a idéia, lanço aqui uma prévia da nossa retribuição, pensando em receber-los na próxima copa do mundo de futebol:

Manual de boas maneiras aos brasileiros quando em contato com turistas ingleses: 
1. Não dê risadas do sorriso dos ingleses, eles simplesmente não têm o hábito da higiene bucal.
2. Não sirva cerveja gelada aos ingleses, eles só a tomam quente, "choca" (deve estar aí o motivo do primeiro item).
3. Mulheres brasileiras (decotadas, como mencionam), favor não se insinuarem aos ingleses, eles têm a fama de não gostar muito da "fruta", preferem um jogo de futebol de acordo com pesquisa recente.
4. Não mencionem número de títulos e nem a forma como foram conquistados, eles têm apenas um, em casa e notoriamente roubado.

Foram apenas os primeiros que me ocorreram, aguardo sugestões! A idéia aqui é retribuir a cordialidade que nos aguarda nas Olimpíadas de Londres 2012.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Los Roques, roteiro comentado

Depois de tantos pedidos de dicas, tantos comentários no facebook e de voltar recentemente ao paraíso, sabemos exatamente o que fazer se um dia você decidir gastar aquelas 20.000 milhas que estão pra vencer no seu programa de fidelidade. Vamos ao que interessa, o roteiro comentado por Belinha e Fatura para Los Roques, Venezuela:

Todas as pousadas possuem opção de diária com café, meia-pensão ou pensão completa. Nós optamos só pelo café, para conhecermos outros lugares, apesar do número de opções não ser o forte no quesito restaurantes. De qualquer forma,  achamos que vale mais a pena. Você pode optar no dia mesmo por comer na pousada e o preço é exatamente o mesmo que pagaria se optasse por pensão completa quando ainda em fase de planejamento, geralmente não tem desconto. Lembre-se que você não escolhe o menu e também não pode decidir jantar 1 ou 2 horas antes, a razão é que tudo é muito fresco, pescado no dia. Avise durante o café da manhã sobre a intenção de jantar anoite. Dessa constatação vem outro lembrete: se não gosta de peixe, leve um container de Nissin Miojo.

Hospedagem:

Nós ficamos na pousada  Piano y Papaya das 2 vezes que estivemos por lá: diária de USD 150 c/ café por casal - pagamento via PayPal ou transferência bancária. Tel: +58 (414) 281 0104, site: www.losroques.com e-mails: info@losroques.com / africaguerrero@hotmail.com. O dono chama-se Alejandro, mas a gerente que administra tudo lá chama-se Afrika. É uma ótima pessoa, um astral incrível, um expediente inimaginável, ela resolve tudo enquanto você só aproveita o que há de melhor no arquipélago. A pousada é muito boa, charmosa, estilo mediterrâneo, sem luxo. A comida é fantástica, vale comer lá um dia ao menos. Se você só toma banho quente, ligue o sinal de alerta. A maioria das pousadas não tem, inclusive essa que ficamos. Sinceramente, de quente basta o sol. Deixe a água fria, champagne e cervejas bem geladas.
Gostamos muito da pousada, especialmente porque a gerente resolvia tudo mesmo, os passeios, as reservas dos restaurantes, os lanches na praia, o checkin do vôo de volta, o carreto das malas, tudo! Não havia necessidade de preocuparmos com nada, bem apropriado para o que costumeiramente chamamos de férias.
Outras sugestões que vimos por lá, um pouco mais chiques:

* Posada Malibu
* Posada Acuarela: (estas duas primeiras tem restaurante aberto ao público, com comida maravilhosa! Vale jantar um dia em cada uma!)
* Posada La Cigala

Uma outra opção um pouco mais simples é a Posada Movida.

Restaurantes:

* Restaurante Posada Malibu, Posada Acuarela - são os melhores restarantes da ilha, os que dispõem de Chefs de cozinha. Edmund é um venezuelano que comanda a cozinha do Malibu, enquanto o italianíssimo Angelo define o tempero na Acuarela
* Bar/Restaurante Acuarena: ambiente muito agradável, com pufes na areia (petiscos, saladas e drinks variados). Vale demasiado a pena ir tomar algo por lá no fim de tarde ou depois do jantar (já que o jantar sai cedo, por volta das 19 ou no máximo 20h)! Esse ano lançaram comida japonesa também, a grande novidade da ilha.
* Bar/Restaurante Arrecife: também na praia, com mesas próximas ao mar, ótimos pratos e excelente ambiente

Passeios:

* Ilhas: Noroski e Craski (esta última tem restaurante na praia) (1 dia); Cayo de Agua, Dos Mosquises y Espenki (1 dia); Franciski (tem restaurante na praia, ótima comida) (1 dia, geralmente o dia da volta ou da chegada porque é bem perto da ilha principal Gran Roque, onde você ficará hospedado); Sebastopol (1 dia) é fantástica; Cotê vale muito para mergulho (1 dia), já que descer na praia não é possível pois trata-se de zona de proteção ambiental. Carenero é outra muito bonita também (1 dia)
* Vale também visitar os bancos de areia no meio do nada, pra relaxar e se sentir dono de um pedaço do paraíso :) fomos no Cayo Muerto, vale cada minuto.
* Farol em Gran Roque: Vale a pena subir para ver a vista, é linda, dá pra ter uma boa idéia da beleza geral de todo o arquipélago.

Passagens:

* Cias aéreas domésticas (Caracas / Gran Roque): Aerotuy; Raymbow, Chapi  +/- 40 minutos de vôo (o pessoal da pousada é quem fez a reserva destes vôos para nós e enviamos o pagamento via paypall para eles, junto com a pousada) - a melhor sem dúvida é a Aerotuy, empresa com melhor estrutura, "teco-teco" mais equipado, dá uma sensação maior de segurança.

Outras informações importantes:

Não aceitam cartões de crédito na ilha, levar dinheiro em espécie. Há um banco lá, mas usar só em emergência já que você paga a cotação oficial (1 USD = 4 Bolívares). Leve dólar e troque no câmbio negro (1 USD = 7 Bolívares). Qualquer cidadão venezuelano opera nesse mercado, olhe pro lado e verá um hermano querendo te ajudar. Como coloquei no post anterior sobre o assunto, é importante pra eles esse "segundo" emprego (Na terra de Hugo Chavez, acredite!). Trocamos os bolívares na pousada, diariamente, com este câmbio de 7 e com segurança, o famoso câmbio delivery!
Na ilha (Gran Roque) as ruas são todas de areia fofa, o melhor calçado é mesmo uma boa havaiana!
No vôo doméstico (Caracas/Gran Roque) o limite da bagagem é de 10 kilos! Leve uma mochila por pessoa, pouca roupa. É barato, mas cobram excesso de bagagem (10 bolívares por kg excedente).
Vale levar kit snorkel para mergular; protetor de alto FPS e chapéu/boné. O sol realmente é muito forte.
Os jantares normalmente são menu completo (entrada, 1o e 2o pratos, sobremesa e vinho, variando de acordo com a pousada).
O único mês que chove é Novembro. Junho (nossa 1a vez) é melhor que Julho/Agosto (nossa 2a vez). Quando fomos em junho tempo aberto o tempo todo, agora dessa vez algumas nuves e 10 minutos de chuva todo dia a tarde, o que na verdade nao era de todo ruim. Em Julho/Agosto levar repelente para espantar os indesejados mosquitos no final do dia. O ideal mesmo é voltar as 16h, você evita o horário deles.
A melhor logistica é ir de TAM e voltar de GOL, dado que pode ir e voltar com vôos noturnos. A TAM faz escala em Manaus, a GOL oferece vôo direto, ambos partindo do Aeroporto de Guarulhos em São Paulo. Na ida você consegue pegar logo cedo o teco-teco, sem ter que dormir em Caracas (hotel caro e não há o que aproveitar, ao menos próximo do aeroporto). No retorno opte pela GOL, você consegue pegar praia o dia inteiro e ir embora a tarde.
Se for de novembro a fevereiro, temos uma dica extra: a Lagosta Rancho do Polito; nos demais meses existe respeito a reprodução, você só encontrará lagostas se mergulhar bem fundo, nos restaurantes, peixe fresco todos os dias.

Aguardamos comentários dos que embarcarem nessa. No mais, so curtir o paraíso mesmo!!!

Post especial esse aqui, pois o texto tem co-autoria da Belinha, minha guia particular de viagens.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uberaba-MG

ir a Uberaba é:

- doce de leite Centenário no congelador
- visitar o mercado municipal, ao lado de onde costumava morar com meus queridos avós
- lembrar dos tempos difíceis de Zé Ferreira, a primeira integral com o prof. Mariano
- trazer um bocado de requeijão queimado, queijo meia cura e pé de muleque
- lembrar das intermináveis viagens de carro, saindo na madrugada de Foz
- Natal na casa da vovó Hilda
- beringela da casa da vovó Zezé
- estudos durante a tarde toda no quartinho lá de cima
- ir à fazenda com vovô Nelo e andar a cavalo até dizer chega
- ir à casa do tio Alberto ou do tio André
- ir às primeiras baladas com o tio Adelmo
- comprar qualquer coisa no Mil Réis
- jogar buraco, vó arrumando óculos com mãos calejadas, vô roubando nas cartas com scotch na mão
- amigo oculto ao invés de secreto
- vitamina com suco de laranja e paçoca do japonês
- usar botina Zebu
- brincar de gato mia com os primos
- esperar ansioso pelo Papai Noel e, depois, tentar adivinhar quem era
- jogar botão com a seleção da Itália
- pedir ao tio Adelmo pra jogar video game, River Raid, Top Gear
- shopping Urbano Salomão, Generoso Lenza e rua Tristão de Castro
- pão quentinho na padaria do vovô Ítalo, esperar o pão italiano do tio Itinho
- encontrar padrinho e madrinha, receber os presentes
- jogar Perfil ou War, na mesa redonda da sala
- produtos da D. Izaltina
- aguardar as frequentes visitas da tia Nice, tia-avó
- tiros de espingardinha de chumbinho
- Tiro de Guerra, whisky para Coronel e outras patentes
- München
- 1o de maio, Expozebu
- bolo de laranja da vó, pão de queijo da tia Glória

acima de tudo, celebrar a vida em família ao menos uma vez por ano, nos últimos 30 anos.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Um clássico que esquenta e alimenta

Ontem decidi fazer algo que já gostaria de ter feito a um tempo, encarar a famosa sopa de cebola do Ceasa em São Paulo. Ouvi tanto da sopa que tinha certo medo dela, talvez desenvolvesse um vício compulsivo, não conseguisse viver mais sem ela, sei lá. Além do forte frio que atingiu a capital paulistana essa semana, a proximidade de casa também ajudou a sair direto do trabalho e fazer uma escala antes de por as meias de lã e mergulhar no edredon.

Experimentei uma sopa de cebola pela primeira vez num bistrô francês, como imagino que boa parte das pessoas que já provaram uma tenham feito. Le Cordon Bleu, um clássico parisiense. Sempre cara e deliciosa, sempre uma porção muito pequena. Os bistrôs mais elegantes de São Paulo estão localizados nos Jardins, no Itaim ou em algum outro bairro da zona sul. A mais famosa, no entanto, está um pouco mais a oeste da cidade, aqui do meu lado, na Vila Leopoldina. Antigo bairro industrial, a Vila vêm sofrendo profundas transformações nos últimos anos, passando a ser grande atrativo para viver em um bairro com cara de interior, recheado de serviços e comércio de todo tipo.

O entreposto Ceagesp é o local onde a famosa sopa é servida desde a década de 70. Pelo pouco que li, era o pós-balada da época. Talvez papel similar ao que hamburguerias e temakerias desempenham atualmente. A origem deve mesmo ter sido juntar restos de ingredientes calóricos ali comercializados para cozinhar algo que esquentasse as frias noites dos que ali trabalhavam. Um dos maiores "boca-a-boca" já registrados na história paulistana fez o resto, espalhou a fama que a sopa ostenta hoje.

Vale muito a pena! O local é simples e nem podia ser diferente, você está no maior entreposto de verduras, legumes e frutas do país, quiçá da América Latina. O atendimento é diferenciado, suspeito que o treinamento dos garçons inclua a matéria "história" daquilo tudo ai. São muito educados e atendem muito bem, deixam você à vontade como muitos que trabalham em restaurantes que cobram três dígitos o prato não conseguem. Você pode tomar um vinho chileno enquanto degusta a sopa, até mesmo uma taça se estiver sozinho. Pode chegar meia-noite de terça a quinta, às 2 ou 3 da manhã sexta e sábado que vai ter uma quentinha te esperando. Não gosta de cebola? Peça uma de mandioca ou de legumes. Aceitam todos os cartões, exceto Amex. E o preço? R$ 15,00 em uma cumbuca 4 ou 5 vezes maior que aquela com a qual você está acostumado nos bistrôs. Infelizmente não tenho fotos do local, da sopa, do ambiente. Meu iPhone me deixou na mão depois de mergulhar no Caribe, estive lá ontem com um Startak de backup. Como voltarei outras vezes fiquem tranquilos, atualizarei o post com imagens. No caso de uma iguaria como essa, elas podem falar mais ao seu estômago que minhas palavras.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Livro, cinema e televisão, pra sua diversão!

Começo Agosto sem tanta inspiração de temas para o blog, o fim das férias e a volta da sacal rotina às vezes minam essa parte do meu cérebro. Eis que então compartilho recentes descobertas nas três categorias que entitulam o post:

Agassi - Autobiografia: você pode nunca ter visto esse cara em ação com seu short jeans ou mesmo nunca ter executado um forehand, mesmo assim vale cada página da história desse astro do tênis. Revolucionou o esporte com seu jeito irreverente e foi um dos melhores jogadores de toda história do tênis, tudo isso com os entraves de uma criação deturpada e sérios problemas físicos. Já quase desistindo que seria capaz de ler um livro esse ano, dado minha falta de engajamento com 2 ou 3 que comecei recentemente e não cheguei à página 50, esse aí me fez desligar TV e computador por vários dias, assim como não pregar o olho em alguns vôos.

Assassinos por natureza: na minha busca por diminuir a lacuna de filmes que já vi, relatada aqui no blog mês passado (Aspirante a cinéfilo), Natural born killers já conquistou o lugar no meu top 10 pessoal logo de cara. Oliver Stone dirigiu muito bem e contou com belíssima atuação de Woody Harrelson. Mickey e Mallory encantam e aterrorizam ao mesmo tempo, imperdível.

Sobrevivi: todas as terças 22h na Discovery Channel. Histórias incríveis de pessoas que sobreviveram a situações que qualquer um acharia impossível, menos eles próprios. O limite de onde chegamos quando estamos expostos às dificuldades leva a um pleno entendimento do ser humano, de tudo que podemos superar em prol de algo que fazemos todos os dias, viver. Vale aqui menção honrosa ao A Liga comandado pelo Rafinha na Band, explorando teams delicados com uma abordagem muito interessante. Eu, que quase não assito TV, especificamente às terças fico indeciso, ambos são transmitidos no mesmo horário.

Aproveitem!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Como às vezes é difícil "dar o exemplo"!

Falar é, na maioria das vezes, mais fácil que Fazer quando o tema é "Dar o exemplo". Não é das coisas mais difíceis dizer ao seu filho o que é certo ou errado, e muitas das vezes também não é doloroso fazer o certo ao invés do errado. Explicar como se portar à mesa é tão fácil quanto fazê-lo, quando pretende ensiná-lo a manusear garfo e faca. Explicar o teorema de Pitágoras e executá-lo antes daquela temida prova de Álgebra também não demanda grande esforço. Exemplos fáceis onde ambos, falar e fazer, são quase que atividades corriqueiras de tão simples tenho aos montes pra sustentar essa linha de raciocínio, pararei por aqui e vou direto ao assunto.

Muricy Ramalho é o sujeito mais correto do mundo podre do futebol. Já suspeitava a um tempo, mas essa semana o Brasil todo teve a certeza. Imagine você, após ter acabado de assumir o compromisso de trabalhar em uma grande empresa de atuação no mercado nacional, receber um bom salário e cumprir determinados objetivos, receba o convite de outra empresa muito maior, com atuação global, recebendo muito mais, algo que seria o topo de sua carreira profissional. O que você faria? Eu não tenho dúvida do que eu faria, imagino que você também não.

Antigamente Palavra era algo realmente importante, não haviam contratos, não havia necessidade de assinar documentos para oficializar o combinado, era no "fio do bigode", como diria meu avô fazendeiro no interior de Minas Gerais. Hoje nem parece que a tal Palavra já representou um acordo, já valeu pra resolver conflitos, já fez as vezes do contrato que assinamos hoje pra tudo na vida, desde telefonar até assistir televisão.

Durante o processo de escolha do técnico da seleção brasileira, Muricy disse o seguinte: "Como pai, o dever de cumprir aquilo que está acertado é a mensagem que passo aos meus filhos e, em nome disso, que mantenho sempre a minha postura e posições em minha vida." . Após receber o convite oficial do ditador Ricardo Teixeira, ele prontamente demonstrou óbvio interesse, o grande sonho próximo de ser realizado. Imagino que depois do convite ele deve ter ido até ao banheiro lavar o rosto, se beliscar e perguntar se aquilo tudo era real. Entretanto, não podia tomar a decisão ali, no cafezinho com o mandatário da CBF. Tinha dado sua palavra, que pra ele tinha inestimado valor. Deixo claro o que penso sobre a diretoria do tricolor fluminense, faltou sensibilidade e bom senso ao julgar a situação, mas esse é outro tema. Ele, melhor treinador do Brasil por 3 anos seguidos, não podia ir contra valores tão irrigados em sua formação, seria anti-ético, não seria justo com ele mesmo, não poderia sequer dormir tranquilo, não seria o Muricy.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Conto ou "não" conto

Ele havia estudado o dia inteiro, derivadas pela manhã na escola, eletricidade a tarde no puxadinho dos fundos da casa. Por volta das 18h, foi às aulas da noite, afinal teria o maior desafio de sua vida até então em poucos meses, o temido vestibular.  Era um dia de semana, uma terça ou talvez uma quarta, próximo da meia noite. Banho tomado, lanche carinhosamente preparado pela avó na geladeira, jornal da noite visando melhoria dos conhecimentos gerais e atuais, foi à sua cama, também delicadamente arrumada por aquela que na ocasião tinha o papel digno de mãe.

Deitou e como de costume pensou, na vida. Largar família, amigos, e aos 16 anos ir pra bem longe de casa atrás do futuro realmente não era tarefa fácil, mas quem falou que seria? O investimento dos pais e de toda família, financeira e emocionalmente. Era o primeiro filho a sair de casa, a mãe devia sofrer e chorar sua ausência com certeza. Não tem a exata noção, mas 10 ou 15 minutos depois de deitar um feixe de luz entrou pela fresta da porta, era sem dúvida luz proveniente da sala de televisão adjacente à grande sala de jantar. A chance de alguém ter levantado pra ver Jô Soares, Goonies ou Cine Privé era praticamente nula.

Era sua avó, com semblante que o preocupava sobremaneira. Tendo dito poucas e desanimadoras palavras ela o guiou até a suíte do casal, onde o avô respirava com muita dificuldade. Tentava puxar o ar, mas ele não vinha. Tapas nas costas e álcool pra desobstruir as vias respiratórias eram técnicas em vão no momento. Não havia tempo pra pensar ou planejar nada, carregou o gigante barbado no lombo de adolescente rumo ao carro que já o aguardava na porta.

Daí em diante a história foi longa, sofrida, e repetitiva. Idas e vindas ao hospital, visitas individuais na unidade de terapia intensiva, testes e mais testes sem precisão ou sem sucesso. Pedras na visícula? Chegaram a dar risada delas em um pequeno saquinho, como se comemorassem o fim de um problema que de fato era muito mais sério. Algumas viagens de familiares depois, indagações a mil, visitas constantes no caminho de volta da escola até que, muitos meses depois, veio o cruel diagnóstico de câncer no pulmão. Fumara muito durante toda a vida, inclusive cigarro de palha sem filtro, devia ter ao menos a ver com aquela proliferação de células desenfreada.

O avô tinha 70 e poucos anos, era forte como uma rocha, fruto de uma vida vivida no interior, na roça mesmo. O cabelo resistia em cair, ele resistia em desistir de viver. A decisão da família foi a de não contar a verdade, deixariam ele viver os últimos dias, meses ou anos da vida sem o peso de saber. É improvável que seu corpo não tenha lhe confidenciado sobre a enfermidade, mas tudo bem. O objetivo foi atingido e, contrariando especialistas, vivera mais tempo que o esperado. Tempo suficiente para tomar novamente seu whisky escocês, jogar seu buraco, degustar uma pinguinha e celebrar o típico Natal da grande família.

Por aquelas ironias do destino dignas de um drama "hollywoodiano", o tempo extra foi suficiente para um último e doloroso pesar antes do próprio fim. Teve que se despedir daquela que lhe dedicou a vida inteira, em especial nas grandes dificuldades dos últimos tempos. Uma súbita e inexplicada interrupção nos dutos do intestino tirara a vida da lutadora companheira, pouco mais de uma semana depois da internação. Ele, já bem debilitado com o câncer depois de algumas metástases, se despedia com um beijo na testa de carinho e gratidão. Aquele que esteve ali anteriormente apenas para estudar, presenciava um dos momentos mais marcantes de sua vida. A primeira sensação real de perda, o primeiro choro de dor profunda, daqueles que deixam sequelas, que não se esquece, que se aprende a conviver.

domingo, 18 de julho de 2010

Aspirante a cinéfilo

Sempre gostei de filmes, assisti menos filmes que gostaria, fui menos ao cinema que deveria, tenho uma lista de filmes que não entendo o porquê de não ter visto ainda, só pra citar algumas das frustrações que tenho comigo mesmo no quesito filmes.


Inspirado pelo amigo e blogueiro Airton (Publicandobr), estimulado pela pseudo-solidão e pelos motivos acima descritos, fui atrás da solução desse antigo incômodo. A solução de curto prazo implementei rápido, com ajuda da locadora na esquina aqui de casa: Vivos, Cães de Aluguel e Cheiro do Ralo na mesma semana pra começar. O primeiro fantástico como uma aula de vontade de viver, o segundo um sensacional banho de sangue comandado por Mr. Pink no melhor estilo Tarantino, o último um pouco abaixo do esperado, mas com boa performance do Selton.


Eis que mal comecei e já vi que terei sucesso em tapar essa lacuna no meu currículo cinematográfico. Novo assinante de uma locadora virtual com modelo operacional que me encantou, ficou muito fácil tirar o atraso. Faço minha lista, agendo tudo pela internet, sem frete, pagamento via cartão de crédito, logística impecável e ainda tenho direito a uma pizza de pepperoni. Mickey e Mallory vieram esse final de semana e amanhã já vão embora. Amanhã chega o próximo e assim vai, logo menos devo sair do "negativo de cultura" em que me encontro. 


Mais um acompanhamento que ganha marcador (tag) específico, seja bem-vindo. Vou me meter a besta e criticar filmes por aqui, ainda tenho dúvidas mas veremos no que vai dar. Tenho direito!, afinal pago meus impostos em dia.

Um homem precisa viajar

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amir Klink

Por essas e também por outras, a próxima expedição está marcada pro fim do mês. Assim como sempre joguei WAR, o mundo é o objetivo. 

terça-feira, 13 de julho de 2010

Existe inverno além dos famosos campos do Jordão

Siga o mesmo caminho que costumeiramente você usa na temporada de inverno, Marginal Tietê e Ayrton Senna/Carvalho Pinto. Ao invés de cruzar, pegue a Dutra sentido Rio de Janeiro e, após uma benção da Nossa Senhora em Aparecida, acelere e desfrute a paisagem. Pouco mais de 50 km depois da divisa territorial de estados, saida da Dutra, acione a opção "Off road" do seu veículo e suba a serra de Itatiaia rumo a Visconde de Mauá.

Visconde de Mauá não é apenas um lugar, são três, literalmente. Mauá-RJ, Maringá-RJ e Maringá-MG são as cidades que eu ao menos conhecia como Visconde de Mauá. São pequenos vilarejos interligados por estradas de chão batido, parecendo de propósito para manter o ar rústico, primitivo, charmoso. As Maringás são mais interessantes, concentram as melhores opções de entretenimento. Um pequena ponte de mão única separa RJ de MG, 20 ou 30 passos apenas. A mineira é mais charmosa, com cozinhas dignas da fama de todo o estado, a carioca mais movimentada, agitada pelo comércio local. Cachoeiras estão por toda parte, tem fazenda egoísta que sozinha tem cerca dez exemplares. Caminhadas para apreciar as maravilhosas paisagens naturais tornam a folia gastronômica um pouco mais saudável, dão liberdade pra cervejinha gourmet, pro vinho francês e pro fondue de queijo.

Ficamos em uma ótima pousada em Mauá, que não recomendo apenas pela localização, embora não seja realmente um problema pra quem está relaxado curtindo um final de semana ou feriado. Opte por uma em Maringá, seja em Minas ou no Rio. Vá a Mauá para 2 coisas: subir o Pico da Pedra Selada e apreciar a melhor comida mineira do Brasil, em pleno solo carioca. Duvida? Vá ao Gosto com Gosto e peça qualquer costela depois de um pastel de angu como entrada. 

Depois de longas e prazerosas trilhas pela natureza intocável, aprecie a paisagem


A recompensa vem depois da trilha de volta


Você preenche todos os seus dias assim, caminhando, respirando ar puro, apreciando belas paisagens, usando conhecimentos adquiridos naquele curso de fotografia, tomando uma européia não tão gelada quanto pensamos de uma cerveja, relembrando as experiências que acabaram de ter. Almoço de verdade só um dos dias, no Babel, cozinha contemporânea de altíssima qualidade no pé de uma das montanhas. Baden e Terezópolis são servidas em um deck com visual incrível, leve cheque pois não aceitam cartões.

Anoite caminhe pelo centrinho, compre uma meia de lã e uma ciroula, se encontrar. Leve sua namorada ou esposa pra comprar anéis de hippies, especialmente se ela gostar de modelos grandes e artesanalmente bem feitos. Visite o Bistrô das Meninas se gostar de bom atendimento, ambiente aconchegante e um bom vinho




Como um bom francês, encare a Sopa de Cebolas, recomendada pela Belinha. Se preferir um jantar de verdade, vá ao Rosmarinu's Officinali's, uma mistura de restaurante, antiquário e casa dos donos. Faça reserva, tenha paciência e desfrute um risotto de alecrim e limão siciliano servido com truta salmonada, só pra citar uma das obras de arte do chef.

Antes de pegar a Dutra e começar a chorar o desespero da partida, vale uma última escala em Penedo pra descobrir o Jardim Secreto. Já havia estado lá em 2 outras oportunidades, mas sempre vale a visita. Se comeu a truta salmonada no Rosmarinu's, opte pela Costeleta de Javali ao molho de jabuticaba com batatas selvagens, excelente e exótica. No caminho de volta comece a pensar no próximo feriado, afinal a busca continua.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dale Furia!

La unica vez que una selección gana despues de perder el primer partido, una de las pocas a ganar Euro y Mundial en secuencia, el campeón con menos goles hechos y con menos jugadores a hacer goles. España  tomó ventaja de sus mejores equipos Barcelona y Real Madrid, como hicimos nosotros en 58, 62 y 70 con Santos y Botafogo. Desafortunadamente ya no tenemos condiciones de hacer lo mismo, hasta nuestros jugadores medianos ya no trabajan por acá. Benditos sean ellos que aun pueden disfrutar de sus idolos en su pais.

La taza se quedó en las manos de los que mejor usaron los piés. Solo 8 campeones en 80 años de mundial, bienvenida España!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Começou pra valer, empatado!

É a primeira vez na história da democracia brasileira que dois candidatos aparecem empatados nas pesquisas, exatamente no primeiro dia oficial da corrida presidencial. Desde a primeira vez das urnas, Lula e FHC sempre estiveram à frente nesse momento, mesmo quando Collor venceu. Nas pesquisas anteriores deste pleito, Dilma apresentara 5 pontos de vantagem sobre Serra, deixando a margem de erro pra trás. Agora tanto Ibope quanto Datafolha apresentaram empate, sendo um rigoroso empate em 39% em um caso, um empate técnico 39%-38% no outro, a favor de Serra.

Dilma tem a seu favor o fato de ser figura menos conhecida do povo brasileiro em geral, com tendência a crescer um pouco diante da maior exposição que está por vir, além de contar com o incrível percentual de aprovação do governo de seu padrinho, nosso atual presidente Lula. Serra terá que demonstrar muita habilidade nos debates de forma a deixar claro seu melhor preparo para o posto. Terá que, como comentei anteriormente aqui no blog, propor algo diferente mas sem muita mudança de rumo para um governo tão bem avaliado, algo na linha "comigo poderia ser ainda melhor".

Voltando às pesquisas, a maioria das mulheres diz votar em Serra, a maioria dos homens em Dilma. Não entendo tal correlação como entendo a que faz referência à escolaridade ou à região do Brasil, mas foi o que escutei hoje. Ouvi uma constatação interessante dias atrás: "Eu nunca conheci uma pessoa que diz votar em Dilma". Se observar bem, é a mais pura verdade. E não me refiro apenas aos meus colegas de trabalho ou mesmo meus amigos, que poderiam ser enquadrados como classe mais "abastada" em um país como o nosso. Sugiro que converse com sua empregada, porteiro do prédio, aquele cara que pede um pingado ao seu lado na padaria ou a moça gentil que tira seu pedido na lanchonete.

Confio bastante na estatística, tive a oportunidade de estudar um pouco na faculdade e ver a precisão que um estudo bem feito pode apresentar. Entretanto, como somos os campeões no quesito corrupção, duvido de quase tudo em que um dia já acreditei. Não me surpreenderia se ouvisse do Boechat que foi descoberto um esquema de manipulação de pesquisas ou algo do gênero. Perdi minha capacidade de indignação, parafraseando Heloísa Helena diante de um dos inúmeros escândalos políticos do nosso passado recente. Vejo no Serra um político mais preparado em todos os aspectos possíveis, incluindo educação e experiência profissional. Se o país eventualmente passar por um momento complicado, algo como passa a velho mundo atualemnte, vejo nele alguém mais capacitado a enfrentar reais dificuldades. Infelizmente não farei minha parte mais uma vez, não transferi meu título e continuo com a triste constatação de nunca ter participado do processo decisório do nosso futuro. Assumo "mea culpa", por outro lado peço encarecidamente critério na hora de encarar a urna em outubro próximo, afinal como diria uma amiga de mudança aos Estados Unidos: "Mais 8 anos não dá pra aguentar". Ela esqueceu de um pequeno detalhe: 8 anos que podem virar 16.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Na terra de Hugo Chávez, acredite

Nunca imaginei que o lugar mais paradisíaco que eu fosse fincar minha bandeira estivesse tão próximo daqui, mais precisamente vinte mil milhas TAM ou GOL daqui. Já escrevi sobre o Caribe aqui antes, em viagem realizada depois da que justifica esse post. Mar abençoado, águas cristalinas e multi-coloridas em um degradê sem igual, tempo bom o ano inteiro. Primeira impressão:


Los Roques é um nome que chama atenção, ao menos a minha chamou. Tive de cara a impressão de um lugar especial, inexplorado, fantástico, único. Um vôo com as milhas do seu cartão de crédito até Caracas, 40 minutos em um teco-teco de Caracas até Gran Roque e pronto: bem-vindo ao paraíso. Troque seus dólares por bolívares no câmbio negro, no aeroporto mesmo, com qualquer cidadão que se aproximar de você perguntando se tem dólares. Os venezuelanos não têm acesso ao dólar, o ditador não deixa. O câmbio oficial paga 2 por 1, enquanto o negro paga 5 por 1 real. Todos têm, além de seu trabalho cotidiano, o bico de operador de câmbio. Se for permanecer pouco tempo no aeroporto, troque na pousada mesmo, onde a troca pode ser feita até mesmo como serviço delivery.

Los Roques é um arquipélago com mais de 200 ilhas, das quais aproximadamente 80 possuem praias, das quais 1 única tem infraestrutura, 2 outras têm apenas 1 restaurante. Gran Roque é a capital, onde seu teco-teco pousa, tem alguns restaurantes, bares e pousadas. Também dispõe de banco, lan house e lojinhas de artesanato. Não há trânsito pois não existem carros, ruas de areia batida aceitam apenas chinelo como meio de transporte. As demais, Francisqui, Espenqui, Norosqui e as outras ilhas "qui", só via barco com navegantes nativos, que te perguntam depois de montar seu guarda-sol: "A que horas les gustarian volver?".

O esquema é profissional, te buscam às 9 e perguntam: "A cual isla desea ir hoy?". Escolhido o destino, é navegar, chegar lá, montar acampamento e esquecer da vida. Vão vocês e uma geladeira portátil, bebida e comida pra um dia qualquer em uma praia deserta e maravilhosa. Se você gosta de uma geladinha como nós, troque os refrigerantes por cervejas. Você pode pagar por pensão completa, mas escolha meia pensão, que inclui café e essa geladeira para passar o dia. Deixe o jantar como oportunidade pra conhecer a gastronomia local. Com colonização substancialmente européia, italianos e holandeses garantem a qualidade das charmosas pousadas e restaurantes. Espero que gringos e resorts continuem focados na República Dominicana ou nas Bahamas, mais lá pra face norte do mar caribenho.



Los Roques é uma espécie de Fernando de Noronha alguns anos atrás. Inclusive creio que a versão caribenha está para o venezuelano como Noronha está para os brasileiros, é a viagem dos sonhos, a maioria passará a vida toda sem a oportunidade de conhecer. Tudo é dolarizado e caro para os padrões de vida dos nossos hermanos do petróleo. Com o real valorizado frente a moeda americana, o brasileiro está descobrindo essa maravilha. Raramente vou embora de um lugar com tanta vontade de voltar, afinal ainda tenho muito a explorar, "a busca continua" como a Belinha costuma dizer. Não é o caso de Los Roques, quero voltar e não vai demorar, é o lugar mais bonito que já estive

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cozinha com ares de montanha

Certa vez li que um líder de uma grande empresa brasileira usava o almoço de sábado pra tentar reproduzir algum prato que havia degustado durante a semana. É uma idéia interessante, além de facilitar a parte criativa do processo é um ótimo exercício para testar seus sentidos, afinal nem sempre é direta a identificação dos ingredientes.

Uso bastante a internet pra pesquisar novidades da cena gastronômica, mas resolvi que eventualmente tentaria reproduzir criações alheias que experimentamos eu e Belinha em nossas viagens. Não que eu tenha tamanha destreza, nem que seja capaz de reproduzirqualquer coisa que venha a comer. Exatamente aí reside a parte boa, sinto a necessidade de agregar um toque pessoal, não simplesmente copiar.

Resolvi que a primeira tentativa seria um belíssimo Risotto de Limão Siciliano e Alecrim que conheci no Rosmarinu's, ótimo restaurante na estrada que liga Visconde de Mauá a Maringá, na Serra da Mantiqueira. Embora tenha apreciado muito a combinação, principalmente o perfume do alecrim, achei que o limão só estava presente na descrição do prato no cardápio, faltava senti-lo nas papilas gustativas. Para acompanhar, tentaria fazer uma variação de um salmão que solitariamente apreciei em uma viagem a trabalho, em Penedo, no pé da mesma serra. O tempero era leve e o generoso lombo tinha aparência digna de um sashimi internamente, feito com maestria.

De todos os ingredientes necessários, tive dificuldade pra encontrar apenas dois: o salmão e o limão. Calma, não se assustem, até onde eu sei ainda temos limoeiros e criadouros de peixes em abundância por aí. Eu queria um lombo generoso do peixe, que me desse as devidas condições de preparo. A fruta tinha que ser especial, proveniente da famosa região italiana da Sicília. Não é nada impossível, mas o Pão de Açúcar me deixou na mão. Compre ao menos o alecrim fresco, no mesmo dia que for cozinhar.


Desconsiderando o trabalho dito sujo, que inclui por exemplo cortar cebola e alho, você conseguirá reproduzir essa em aproximadamente vinte minutos. Em uma receita para duas pessoas, use apenas um limão siciliano, ele tem presença forte por natureza. Faça um risotto como qualquer outro e adicione tanto alecrim quanto limão na penúltima passada do caldo de legumes no arroz arbóreo. Embrulhe o salmão com o tempero escolhido em papel alumínio, no caso alcaparras puxadas na manteiga com pimenta do reino. O tempo de execução do salmão é diretamente proporcional à altura do lombo disponível, pra garantir o mix de sensações assado-cru. Eu não consegui, o lombo era mais fino que o desejado e eu também nunca havia feito um salmão. Cuide especialmente da quantidade de pimeta do reino, ela é muito marcante e pode roubar demais sua atenção no climax da refeição. Se achou que ela era inofensiva como eu, retire o excesso e aprecie sem moderação

terça-feira, 22 de junho de 2010

Lembranças do Brasil na minha parede

Há pouco mais de um ano adquiri meu passaporte pra Associação da Boa Lembrança. À quem ainda não conhece, sucintamente defino: uma associação de restaurantes espalhados por todo o território nacional, onde você certamente encontrará ambiente, atendimento e, obviamente, comida de altíssima qualidade. O cartão postal nesse caso não é um simples cartão, é o Prato da Boa Lembrança.

A idéia é boa e útil à quem busca os prazeres da mesa. Há um rígido controle de qualidade que visa garantir o gabarito dos estabelecimentos credenciados. O prato de porcelana é o que torna a experiência inesquecível. Com ele você recebe de brinde as lembranças da viagem, dos papos, da companhia, do tempero e do prazer. Eu, que tenho notórios problemas de memória, agradeço bastante essa mãozinha. Consigo facilmente lembrar dos Chefs e suas misturas improváveis e fantásticas, da história daquele momento, da dúvida em pedir ou não o Prato da Boa Lembrança e da Belinha salivando pelo primeiro gole de uma cerveja premium qualquer. Essas e outras de igual importância decoram a parede da minha sala:


Tiradentes, Porto de Galinhas, Visconde de Mauá e Parati são exemplos de viagens que jamais esquecerei, de ótimas sugestões que tenho pra compartilhar e de histórias que tenho pra contar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Por uma Copa adequada à realidade brasileira

Logo que veio a tona a notícia de que o Morumbi estava descartado como uma das sedes da Copa de 2014, comecei a me perguntar se aquela era uma boa ou má notícia. Após ler e escutar muita coisa acerca do assunto, em pouquíssimo tempo, já tinha minha opinião formada: Nos moldes propostos por FIFA/CBF, a notícia era ótima.

O São Paulo Futebol Clube é um dos poucos clubes brasileiros que ano após ano fecham o balanço no azul, se não for o único. Há tempos que o clube tem um planejamento estratégico e o executa sob a luz de aspectos técnicos e profissionais, deixando paixão e emoção apenas para as arquibancadas. Times brasileiros dificilmente atingem suas metas financeiras caso não realizem uma boa venda ao exterior. O São Paulo busca diminuir cada vez mais essa dependência, e isso passa por uma gestão mais forte nas finanças do clube, além do melhor aproveitamento das dependências de seu estádio.

As obras exigidas pela FIFA demandariam investimentos da ordem de 600 milhões de reais aos cofres do tricolor paulista. Estudos feitos pela cúpula tricolor geraram as condições para viabilizar tal cifra: Abertura e uma das Semi-finais do mundial deveriam ser no Morumbi. Tendo recebido uma negativa no que tange a essa possibilidade, o tricolor prontamente propôs redução no escopo das obras, algo como 250 milhões visando receber apenas a abertura. O desfecho final dessa negociação todos já sabem.

Existe ainda o aspecto político do clube em relação a entidade máxima do nosso futebol, a CBF, do imortal Ricardo Teixeira. Um voto "inadequado" de Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, na eleição do presidente do Clube dos Treze, sem dúvida alguma teve peso importante nesse jogo de interesses políticos, econômicos e, porque também não afirmar, pessoais. É a política do toma lá dá cá, velha conhecida dos brasileiros.

Governos estadual e municipal já manifestaram quanto a impossibilidade de contar com dinheiro público para a eventual construção de um novo estádio na capital paulista. Conforme declaração de um integrante do governo, a preferência é por investir tal montante em obras que atendam mais amplamente a população da capital, como obras viárias e ampliação do metrô, apenas para exemplificar. Em outras palavras, existem outras prioridades, postura similar à adotada pelo time do Morumbi. Não parece à toa que Estado, Município e Time sejam os mais desenvolvidos do Brasil, apesar dos pesares.

Depois de assistir algumas mesas redondas diretamente da África do Sul, teço meu último comentário a respeito do polêmico tema. Os estádios africanos não são por dentro ou mesmo funcionalmente tão encantadores quanto externamente. Relatos de sanitários de quinta categoria e estacionamentos localizados a 2 ou 3 km de distância do estádio já ouvi de diferentes interlocutores. De forma alguma quero colocar em cheque essa Copa no continente africano, ao contrário, me encanta ver a forma como está sendo conduzida, a oportunidade que o mundo inteiro está tendo de olhar nossos irmão africanos com outros olhos. Minha pergunta é por que tanta exigência apenas com o Morumbi?

A realidade brasileira, ou mesmo a africana, é muito diferente da encontrada na Europa, nos Estados Unidos ou no Japão. Somos emergentes sim, mas acima de tudo subdesenvolvidos, boa parte do nosso povo não tem o que normalmente se considera condição de subrevivência, além de termos abundância de corrupção em praticamente todos os setores da sociedade. Não podemos jogar mais lenha nessa fogueira, deixar que investimentos fora de nossa realidade sejam feitos nesse momento é pactuar com todos os problemas relatados, é no mínimo falta de compaixão com todos brasileiros. Por uma Copa adequada à nossa realidade, deixo registrada minha satisfação ao abdicar de algo "pessoal" em prol do bem comum.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Camarão canarinho

Aprendi o caminho da minha casa ao Mercado Municipal da Lapa, de fato o google maps me deu boas dicas. Aprendi também a fazer um risotto, como relatei por aqui no mês passado. Por último, mas não menos importante, aprendi também a fazer um bom camarão, como relatado detalhadamente em um dos primeiros posts do blog. Acordei um domingo ensolarado de Junho e decidi fazer tudo isso novamente, em uma só tacada:


Diferente do camarão anterior que fiz, use os de tamanho médio para que "harmonize" bem com o risotto. Esse aí teve alho porró (como gosto desse ingrediente!) acompanhando os tradicionais cebola e alho no preparado do arroz arbóreo, além do açafrão pra garantir o colorido. Os camarões foram salteados com tempero especial, a base de páprika entre outras especiarias. Abri mão do vinho branco na primeira passada do risotto, escolhi a cachaça, que, combinada com a salsa, deu o toque canarinho para o início da Copa. Vai Grafite!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Ubuntu

Hoje é o início de um evento único em nossa história: a Copa da mundo da África. Nunca antes tivemos e talvez nunca mais tenhamos uma Copa de um Continente e não de um só País. Quem viu a abertura hoje, antes do pontapé inicial para África do Sul e México, sabe a que me refiro. Referências a todos os países africanos, artistas de vários deles se apresentando e a montagem do mapa mundi com o continente no centro de tudo, não apenas a África do Sul. Pegadas saindo dali rumo ao resto do mundo, em alusão a origem da espécie humana.

Viajemos no tempo até 2014: Teremos a Copa da América do Sul? Aposto que não, será apenas a Copa do Brasil. Foi assim com europeus, americanos e asiáticos. Talvez somente os africanos mesmo, um povo tão sofrido, tenham essa sensibilidade com os mais próximos, com os irmãos. Que bela mensagem de união. Deve ter o dedo do Mandela, que anos atrás e ali mesmo, onde hoje o belíssimo Soccer City exibe sua grandeza, oficializava sua luta contra o apartheid.

A África tem mais de 1000 idiomas, mas existe uma palavra comum em muitos deles. A melhor tradução para tal expressão é Humanindade. Entretanto, existem outras interpretações como amizade, companheirismo, união, compaixão, entre outros similares. Nada melhor e tão plural pra resumir o sentimento de uma Copa do Mundo na África, Ubuntu!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Irish Carbon

Coloque sua cuca pra funcionar e imagine comigo, se é que já não encarou um Irish Carbon antes:

a. 1/2 pint de Guiness
b. 1/2 copo de pinga com Bailleys, 1/2 com Whisky Jameson - eles não se misturam, lembrei das experiências com água e óleo das aulas de Física

Deixe o copo de pinga cair dentro do pint de Guiness e vire sem dó e sem escala. Repetir o processo várias vezes, dependendo obviamente do número de repetições, leva a um coma alcóolico ou simplesmente intestinal, famoso revertério. A primeira experiência com essa tradicional bebida irlandesa me levou à segunda consequência, coitada da latrina.

O'Malley's, the best "gringo" bar in Sao Paulo!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Costelinha e Truta, boa lembrança!

Feriado de Corpus Christi em Visconde de Mauá, "Campuxxx do Jorrrrdão" carioca. Os planos incluem descanso, trilhas em busca das cachoeiras e farra gastronômica. Não conheço e também não tenho referências do lugar, e essa é a parte boa. Tudo será novidade, vou atrás do desconhecido. Minha companhia é o que me dá tranquilidade, ela topa tudo como eu, incrível como combinamos, será sem dúvida mais uma viagem bacana. Meus relatos de viagem e análise desse novo destino em breve por aqui.

Devo voltar com dois pratos novos pra minha coleção, a idéia é pescar uma truta no Jardim Secreto de Penedo e encarar uma costelinha com muito Gosto em Mauá. Aguardem análise detalhada dessas criações culinárias e tentativas de reprodução na cozinha do Fatura.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Só competência não resolve

José Serra e Dilma Rousseff estão empatados nas pesquisas para a corrida eleitoral de 2010, ambos têm 37% das intenções de voto, restando pouco mais de 4 meses para a decisão. 64% dos brasileiros acreditam que Serra é o mais bem preparado para comandar o Brasil nos próximos quatro anos. Mais intrigante ainda, 51% dos que dizem votar em Dilma também vêem no tucano alguém mais qualificado para o cargo de Presidente da República.

Paralelo rápido com sua vida: Política é como qualquer outra área, competência sozinha não basta. Nada diferente das empresas, do mercado de trabalho em geral.

Voltando ao pleito em questão, vamos ao que talvez explique o empate entre ambos: 45% acreditam que Serra será governante dos ricos, enquanto a petista ostenta apenas 15% desse mesmo índice. Se é resultado do Bolsa Família ou não eu sinceramente não sei, fato é que o Brasil ainda é um país pobre, tanto na renda per capita quando na educação.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Planos para um final de semana de inverno

Amanhã cedo é mercado municipal! Atrás do camarão VG mais barato da região e dos queijos e vinhos do BeMfica, box 95 do português Ernesto, irmão da Terezinha. Belinha trabalhando enquanto eu cozinho, planos para um risotto de camarão ao alho porró com especiarias na cachaça. Notas sobre minha performance culinária na semana que vem, acompanhadas de fotos. Sábado a la Unibanco 30 horas, um pulo no shopping pós almoço, aniversário de criança no fim da tarde, tentativa de encontrar um cambista amigo no Palestra Itália anoite, Aerosmith! Ainda consta um jantar com um casal de amigos que tem boas chances de se transformar em um almoço de Domingo, vai pegar mal? Ufa, ainda duvido que meu dia de amanhã assim se desdobre.

Domingo com cara de descanso ao lado da Olívia, imagino como deve ter mudado em duas semanas. Buchechas e coxas crescendo em progressão geométrica, olhos com temperos paternos, o restante pendendo para os Dias. Sobrinha linda que enche os olhos da madrinha e do "tio agregado". No final do primeiro dia da semana um evento muito especial, Dexter se casa na terceira temporada. Fui convidado, tenho que prestigiar.

Preciso desse final de semana como há muito não precisava de dois dias sem um laptop. Além das razões sempre presentes nessa ansiedade, preciso substancialmente de repouso mental. Meu cérebro está como um radiador, precisa de sombra e água fresca. Não vou conferir as contas de restaurante e nem abastecer o carro. Limpei minha caixa de e-mail, bisbilhotei orkut e facebook, twittei e conferi eventuais promoções de passagens. Sobrou agora Start - Shut Down - Shut Down - Ok, até segunda.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estou preparado pra Copa

Eu não estava no clima da Copa até hoje. Não sei o motivo de tal sentimento, talvez o ritmo insano da minha vida nos últimos dias, talvez a idade, talvez eu simplesmente nem saiba a razão mesmo. Pode ser que eu esteja mais ao estilo Rogério Ceni: "Minha Copa é a Libertadores". Imagino realmente que seja a primeira hipótese. Não tenho tido tempo para quase nada além do trabalho, o que me impede de acompanhar o noticiário e então sentir envolvimento com a Copa, com a nossa seleção.

Eis que hoje, via twitter, cliquei em um link. Como já diziam os gurus do mercado publicitário, idéia boa é idéia simples. A que vi hoje é simples, de fácil implementação e baixo custo, porém de grande impacto, ao menos para o coração do blogueiro http://www.youtube.com/watch?v=u8hqveOgfAI

Emocionante, inteligente, tocante, diferenciado. Assim vejo esse tipo de apoio à nossa seleção. Nossos jogadores já têm tudo que um dia sonharam, ganham salários astronômicos e vivem em palacetes em algum canto da Europa, mas eles também têm um coração, como o meu e o seu, que pulsa e vibra no embalo do nosso futebol. Eles devem ter sentido lá no fundo aquele orgulho de estar ali, prestes a entrar pra história.

Ganhar a Copa envolve muita coisa, técnica e tática são apenas alguns dos ingredientes. É preciso combinar com o adversário, que também vem com a faca nos dentes pra vencer. Futebol temos de sobra, não pra dar e sim pra vender, caro, a quem tenha euros disponíveis. Nossa camisa tem história como nenhuma outra, por favor honrem-na. Que 50, 82 e 98 sirvam de lição, nas maiores quedas estão os maiores ensinamentos. Usem nossa história, aí estão nossos exemplos. Inspirem-se na técnica dos três primeiros títulos, na raça e aplicação tática do quarto e no espírito de grupo do quinto. O vídeo dá o tempero final à essa receita: gol de canela, muralha verde-amarela, espantalho, alho embaixo do travesseiro, fé e raça. Agora é entrega, paixão, e orgulho de vestir a amarelinha, traz a taça Brasil!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Observações do cotidiano

Hoje observei duas mudanças no texto que mais ouvi na vida, especialmente nos últimos dois anos, as instruções de segurança de vôo:

1. "...solicitamos que preste atenção nos procedimentos de segurança, mesmo que seja viajante frequente..."
2. "...se uma inesperada despressurização acontecer, máscaras de oxigênio..."

A primeira não mudou muito minha vida, aifinal sempre prestei atenção pra ver a performance da aeromoça ou aeromoço, gosto muito de observar o comportamento humano. A segunda soou no mínimo interessante: e se a tal despressurização for esperada, máscaras de oxigênio não cairão sobre as cabeças dos passageiros?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Berinjela tricolor

Transformei a quarta-feira no meu laboratório culinário. Faço minhas experiências, testo ingredientes e temperos enquanto meu irmão serve de cobaia. Futebol harmoniza muito bem com gastronomia, a cerveja faz o papel da sanfona em uma boa moda de viola.

As quartas do primeiro semestre são sempre melhores, com o tempero picante da Libertadores. Semana passada tivemos pela frente o temido Cruzeiro, em pleno Mineirão. Memórias recentes e ruins não faltavam ao torcedor tricolor, Kléber e cia arrebentaram ano passado. Nesse cenário, resolvi investir em algo muito objetivo, uma simples berinjela! Queria mesmo era incentivar meu querido time a não inventar, jogar o "arroz com feijão", que na minha versão virou "berinjela com tomate".

A volta do 3-5-2 e a estréia do Fernandão foram o manjericão e o parmesão na ocasião. Um time com dois laterais fracos no quesito marcação deve proteger melhor a zaga, congestionando o meio campo quando está sem a bola. Um time com 2 velocistas integrando a linha de frente deve ter um cérebro para guiá-los, coordená-los e acioná-los. Deu mais que certo, superou a expectativa do são paulino mais otimista, até mesmo dos que enaltecem o time da fé nas competições sul americanas.

Minha berinjela é como o 3-5-2, oferece mais segurança. Em tempos de insegurança ou não, tenha fé e mão na massa: 1 berinjela, cebola, alho, tomate, manjericão e queijo. Berinjela e tomate em cubos, adicione primeiro ela, depois ele, ambos após refogar cebola e alho no azeite extra virgem com grau de acidez no máximo em 0,5%. Salteie o queijo e leve por poucos minutos ao forno pré-aquecido.

Já no final de semana, minha principal cliente exigindo ação, não podia ficar só no "mais seguro". Eu precisava adicionar plástica, beleza, leveza, inteligência, eu precisava do efeito Fernandão! Ela infelizmente não presencia minhas experiências culinárias às quartas, o que me permitiu repetir com maestria, rápida e objetivamente, o resultado da semana anterior, assim como espero que o faça meu time essa semana.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

"Elegendo Dilma", episódio I

O Instituto Sensus, de Minas Gerais, foi o único a divulgar empate técnico entre Serra e Dilma nas pesquisas eleitorais de Abril. As demais, com poucas variações, apresentam vantagem em torno de 10% para o tucano. Um detalhe que poucos conhecem e que ouvi essa madrugada na rádio: O Sensus inclui uma série de perguntas sobre o governo e a figura de Lula, antes de lançar a pergunta foco central da pesquisa. Parece brincadeira, mas não é, fique de olho no que vê ou lê. Ludibriar o eleitor sempre foi estratégia constante dos nossos candidatos, mas também é prática de muitas empresas com interesses, no mínimo, suspeitos.

Bolsa Copa

Está em votação no congresso brasileiro uma bolsa de cem mil reais para cada um dos jogadores brasileiros nas copas de 58, 62 e 70, titulares ou reservas. O texto menciona ainda aposentadoria vitalícia de até R$ 3.400,00 para todos, dependendo do salário que já recebem atualmente de outras fontes pagadoras. Mesmo com necessidade latente de cortar gastos públicos, visando conter a inflação em tempos de crescimento exagerado de demanda, é mais um ato tipicamente populista que deve passar fácil e rapidamente por congresso e senado, da mesma forma que será sancionado por nosso presidente.

E os campeões de 94 e 2002? E os campeões olímpicos? E nós, maiores pagadores de impostos do mundo?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Vinte anos

O vazamento que jorra milhares de litros de óleo no lindo mar do Caribe há mais de uma semana tem credenciais pra ser um dos mais desastrosos de nossa história. Li que são aproximadamente 800 mil litros por dia. Ver as imagens do vazamento me traz mal estar.

Desenvolvemos tubulações localizadas há centenas de metros de profundidade, transportando a força motriz do mundo moderno para todos os quatro cantos do mundo e não temos como controlar um vazamento? Não há tecnologia suficiente? Não imaginavam que um dia podia vazar? Simplesmente não entendo, não aceito, condeno.

Fato é que o meio ambiente pagará um preço pesado. Compartilho informações interessantes que tive conhecimento recentemente: 1. Duas pessoas levam 45 minutos para limpar uma ave local impermeabilizada com óleo. 2. Vinte anos é o tempo mínimo estimado para que o ecossistema da região do Golfo do México se recupere totalmente, afirma especialista.

Conheci o Caribe ano passado, em viagem à Venezuela. Completamente apaixonado pela coloração do mar, voltei esse ano para um mini-cruzeiro nas Bahamas. Tenho medo e temo pelo que me espera na próxima visita, terei que visitar o Caribe leste, fugir do Golfo, St Thomaz talvez. E Cozumel? Acabo de incluir na minha viagem em comemoração aos meus 50 anos, em 2029, com muito pesar.

A maioria têm meros goleiros, nós temos Rogério Ceni

"Vou ser sincero, não sou muito ligado em Seleção. Meu ganha pão se chama São Paulo, minha Copa do Mundo é a Libertadores e meu coração tem três cores: vermelho, preto e branco. Tenho simpatia, torço pela Seleção, mas minha Copa é essa - assegurou o capitão", ontem no Mineirão, 2x0 no Cruzeiro, jogo de ida das Quartas de Final da Libertadores.

Sensacional - Partoba

1. Boneco de pano
2. Sete maluco de altura

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Esperança de um novo Amoroso

Não temos técnico e a Conmebol não ajudou, vamos de Richarlyson novamente, pra piorar improvisado. O Cruzeiro apresenta o melhor futebol brasileiro na Libertadores 2010, como também o fez em 2009. Temos um elenco melhor que no ano passado, mas um time taticamente pior, que não apresenta algo que podemos chamar de futebol brasileiro. Falta esquema, raça, paixão, falta alma ao meu querido tricolor. E com esse time melhor de 2009, perdemos aqui e lá em Belo Horizonte.

A única esperança que tenho deposito no Fernandão. Não acho que ele seja um craque, mas creio que ele possa ser o Amoroso de 2005. É um jogador vencedor, experiente, líder, que pode injetar um ânimo extra nesse time sem tempero. Como Libertadores é muito mais transpiração que técnica, quem sabe não dá zebra? Como diz um fanático tricolor que trabalha comigo: Somos o time da fé!

Confira a data de validade

Sempre olhei a data de validade dos produtos enquanto saem das gôndolas e se direcionam aos carrinhos de compras. Não sei ao certo onde aprendi esse ritual, muito provavelmente com meus pais. Gosto muito do Pão de Açúcar, encontro produtos de qualidade e, como li certa vez, apenas 5% em média mais caros que os grandes mercados, contra percepção geral de que esse número é algo em torno de 15%. Mesmo comprando nas lojas do Abílio Diniz, sempre confiro a data de validade. Às vezes é difícil encontrá-la, mas ela sempre está lá para nos impedir de comprar algo fora de especificação.

Acho que nunca acreditei que um estabelecimento de tal gabarito pudesse me brindar com tamanho desgosto que seria encontrar algo vencido, e realmente não tive tal experiência. Entretanto, a prefeitura de SP fiscalizou algumas e me supreendeu, justamente em uma das lojas que eventualemente frequento, na Praça Panamericana. Bacalhau, iogurtes e linguiças foram alguns exemplares. Que decepção.

É apenas mais um caso que ratifica o que brinco de vez em quando em conversas informais com amigos: O Brasil não é um país sério. Essa dura afirmação não é justa com algumas pessoas, é verdade. Eis que hoje transcrevo uma complementar que ouvi na Jovem Pam logo cedo, na tentativa de balancear minha opinião: No Brasil não existem redes confiáveis, existem comerciantes confiáveis.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Daniel Alves pode ser o fiel da balança hoje

Daniel Alves pode decidir hoje pro Brasil, bem antes do pontapé inicial na África do Sul. Com um jogador que pode atuar na sua posição de origem, lateral direita, na outra laterial, no meio ou até mesmo de voltante, não creio haja necessidade de levar um segundo laterial esquerdo, inclusive penso que poderíamos economizar adicionalmente um meia ou volante da atual lista que ronda a cabeça de Dunga.

Sei que a lateral esquerda é uma dor de cabeça para nosso técnico, por isso talvez ele opte por levar dois de ofício pra finalizar os testes e escolher o melhor no momento. Com a bola que Ganso e Neymar estão jogando hoje, temos que arrumar espaço pra eles! E Daniel Alves é o único que pode nos dar essa margem pra sonhar. Está numa fase tão boa e é tão polivalente que nos traz a segurança para "arriscar", acredite Dunga, podemos ser um pouco mais ousados.


Vamos lembrar um pouco de 58, quando Pelé jamais havia vestido a amarelhinha. O próprio Zagallo também não havia tido o prazer, embora tenha comentado que não levaria os meninos da Vila por não terem vestido a camisa canarinho antes?!?! Se a seleção titular tiver o empenho que 200 milhões de brasileiros esperam, talvez eles nem precisem entrar em campo, podem apenas contagiar o time fora dele e usar a experiência como aprendizado para estourar e nos dar o oitavo caneco em casa, daqui a 4 anos. Por outro lado, se Kaká estiver em tarde pouco inspirada, mandemos nosso Zidane aos gramados. Se Robinho estiver mal, idem, Neymar neles! É um risco calculado e pode decidir a nosso favor! Em 30 minutos saberemos...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

difícil segurar a saudade

da minha pkena


da minha gigante

Nunca serão!

"Centernada"

Nada de novo no futebol, Corinthians fora da Libertadores mais uma vez. Torcida chora, quebra carros e estabelecimentos comerciais na Av Pacaembu, setenta bandidos são presos.


O Corinthians jogou melhor no primeiro tempo, muito melhor eu diria. Deu impressão de goleada, Ronaldo marcou depois de assustar o zagueiro no gol contra. Tudo parecia caminhar para uma mudança na história internacional do clube. O Flamengo rifava a bola, não matinha a posse como esperado, estava assustado. O Timão aproveitou, mas não o suficiente. O inexperiente técnico do Flamengo substituiu muito bem, a entrada do Kléberson deu calma, experiência e os passes que o meio campo rubro-negro necessitava no momento. Mano, ao contrário, muito experiente, mexeu muito mal. Elias organizava as jogadas alvi-negras, não podia ter saído. Tanto mexeu mal, que colocou Jucilei, teve que fazer duas alterações para ter o efeito esperado, mesmo assim incorretamente.

Libertadores e Corinthians não devem mesmo ter sido feitos um para o outro, o time parece realmente que não tem passaporte, como dizem torcedores rivais como o blogueiro. O jogo não encaixa, quando parece que vai, que está tudo certo, alguma força maior surge e estraga tudo. A tal força, ontem, foi Vágner Love, preciso e matador, garantindo a derrota mais saborosa da história do Flamengo. O time da Gávea, ao meu ver, virou grande favorito. Qualquer um dos dois que saísse do duelo de ontem, seria credenciado dessa forma. A chave é mais fácil e a torcida desses times costuma empurrá-los quando o torneio afunila, aguardemos cenas do próximo capítulo. Em tempo, não acredito que meu querido tricolor vá longe, pra ser mais específico, acho que repetiremos o enredo do ano passado, sucumbindo diante do Cruzeiro, brasileiro que apresenta o melhor futebol do campeonato atualmente.

Parabéns pelo Centenário Sport Clube Corinthians! Cem anos de uma bela história no cenário nacional.

Breve seleção das melhores do dia dedicado a tirar onda de gambás:
Perder uma Libertadores é humano, perder TODAS é curinthianu!
Panificadora Centenário, há 100 anos vendendo sonhos!
Calma, não comemorem tanto, eles ainda podem cair novamente pra série B esse ano.
Corinthians é igual ao Michael Jackson, vende todos os ingressos pro show e morre em casa!
Agora resta torcer pro Marcelinho Carioca ganhar a Dança dos Famosos!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Não faltam motivos pra pensar assim

Pouco mais de um ano e meio na ponte aérea, considero que demorou bastante para que problemas acontecessem. O primeiro ocorreu dois meses atrás, por um erro deste que vos escreve. Visando redução de custos, geralmente compramos as passagens alternadas, sempre aos pares. Em uma dessas, simplesmente comprei errado. A tarifa chamada programada não inclui misericórdia, errou, "ferrou".

O segundo foi hoje pela manhã, esse sim um problema da empresa aérea. Poucos minutos após ter anunciando o início dos procedimentos de descida rumo a Congonhas, o comandante pede a palavra novamente: "Atenção passageiros, devido a um problema técnico no freio automático, pousaremos em Guarulhos. Peço desculpas pelo inconveniente." Imaginei que a reação inicial seria o medo, afinal é bastante razoável imaginar a importância de um bom freio para o pouso de um gigante de aço a centenas de km/h. Enganei, não houve praticamente nenhuma reclamação mais veemente, daquelas quando o juiz expulsa injustamente o craque do seu time em plena decisão.

Embora cabeça dura assumido, não costumo questionar argumentações técnicas em áreas que não detenho conhecimento suficiente. Se um médico determina um diagnóstico meu ou de qualquer outra pessoa, não duvido. Faço perguntas, sou curioso, gosto de entender um pouco de tudo, mas não penso que ele está errado, não questiono duvidando do profissional. O mesmo comportamento tenho com dentistas, advogados e mecânicos, entre outros. Obviamente, sendo brasileiro com muito gosto, temos um pé mais atrás que os demais, afinal temos bem mais picaretas que a média mundial, mas esse é outro tema.

Pouso executado com perfeição, com o freio, manual ou automático, funcionando perfeitamente. Nenhuma palavra sequer acerca do problema, outro singelo pedido de desculpas feito, vinte minutos esperando uma vaga, ônibus da Infraero e, enfim, o desembarque. Outro ônibus até Congonhas, um táxi ao Brooklin, meu carro até Alphaville. Duas horas pensando na minha experimentação de modais matinal, questiono: "Quem sabe a GOL não precisava de um avião em Guarulhos?"