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terça-feira, 31 de agosto de 2010

amigos das antigas, amigos pra sempre

Na maioria das vezes eles não sabem quando vai acontecer de novo, apenas que vai demorar um bocado. Pode ser como o Natal, uma vez ao ano, mas quem garante que não será cruel como uma Copa do Mundo? Naquele momento de euforia, daquelas típicas de um adolescente, chegam a pensar que não, por que não semana que vem? Combinam Reveillon e Carnaval na casa de praia, fecham planos para uma viagem de moto pela Route 66, marcam um simples almoço na correria do dia-a-dia da terrível semana que ainda nem começou.

Contam, como se fosse hoje, as presepadas de uma vida deliciosamente vivida no fim do milênio passado e no início deste. Os novos, recém ou pseudo agregados, devem pensar que os papos são repetitivos, as histórias chatas e sem graça, a mesma ladainha do churrasco passado. Se relembrar é viver, não deveriam achar e sim ter certeza, pois são exatamente as mesmas, por vezes em versões menos detalhadas quando a memória hesita ou falha. Ver poesia naqueles causos tantas vezes contados não é simples quanto possa parecer, é preciso ter vivido, experimentado, compartilhado, jogado bola às segundas-feiras, além de ter religiosamente frequentado a Zoff nos finais de semana.

A vida estrategicamente os separa, quiçá de forma a terem idéia do que realmente necessitam como combustível para continuar vivendo. Fulano sai a desbravar horizontes outrora distantes, Ciclano inicia um novo negócio, enquanto Beltrano levanta acampamento por um grande amor. Esses percalços são pequenos frente a tantos outros que a vida proporciona, que tentam incessantemente fazê-los esquecer da importância dos encontros, conversas e gargalhadas sem vergonha de ser feliz. O esforço de cada um será cada vez mais o fator decisivo para que tais momentos perdurem, aconteçam ao menos mais uma mísera vez, nem que seja uma pizzinha aos 45 minutos do segundo Domingo do mês.

O final da festa também é sempre o mesmo, melancólico - "Vamos combinar mais vezes!", "Me liga pô!", "Passa em casa quando estiver por aqui". Sabem que a próxima vez ocorrerá apenas quando outro evento chegar, aniversário do Ciclano, Sábado gourmet ou quando o churrasco finalmente vingar, provavelmente só ano que vem. A essa altura pouco importa, todos acabaram de renovar o estoque do sentimento confortante de serem amigos assim, já não restam mais dúvidas que haverá uma próxima.

7 comentários:

  1. Agora sim este blog está fenomenal.

    Faço de minhas palavras as suas, como uma pessoa que também procura contribuir para que coisas como estas aconteçam cada vez mais.

    Um abraço de um dos poucos que tiveram o privilégio de estar ainda neste momento reunido.

    Amigo Pardi

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  2. Nem ao menos sei quem você é, caí aqui por acaso, mas gostaria de dizer que o texto é ótimo!
    Fecha com a vida de todos, com uma ou outra alteração, meros detalhes.
    Foi excelente pra me deixar ainda mais com água na boca do reencontro da galera da facul no feriado.
    Parabéns e que venham outras crônicas assim!

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  3. Velho, expressou tudo o que sinto hoje... Saudades "doceis" galera!

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  4. Filho, adorei o texto. Nada é melhor que ter e manter os amigos; nem que eles não completem os dedos de uma mão, temos que fazer o máximo, para sempre que possível, revê-los. Não importa o tempo que passou, as "bobagens" que dizemos e repetimos; melhor é estar junto e rir de um, de outro;recordar momentos alegres e também alguns nem tanto. Recordar é viver e aprender.
    Bjos.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Nunca fomos,somos ou seremos os melhores.... nem muito menos os piores .....Em todos os momentos que ficaram no passado ou que ainda iremos passar, mas é com a plena certeza que afirmo que em todas as vezes fizemos a diferença seja para nossa familía ou nossos amigos.

    Fatureto parabéns pelo texto.

    Abs
    Boson

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