Correr nunca
foi natural para mim. Como boa parte dos brasileiros, ganhei uma bola de
futebol quando ainda nem caminhava. De fato foram várias, umas de plástico,
outras de “capotão”. Daí para a escolinha e campeonatos infantis, jogos
universitários e peladas “casados contras solteiros” foi o padrão de fábrica
tupiniquim.
Ocorre que o
futebol maltrata a gente. Nos gramados profissionais não precisamos ir longe,
basta olhar para o campeonato nacional do ano passado. Já escrevi anteriormente
aqui sobre meu crescente desprezo com o esporte bretão, portanto encerro o subtema.
Após certa idade, o futebol judia também do físico de quem o tenta praticar.
Como esporte de contato, é agressivo a ligamentos outrora fortes, flexibilidade
antes infinita.
Comecei na
corrida de rua por um acaso profissional. Embalado por bons relacionamentos
sociais quando ainda os desenvolvíamos de forma presencial, aceitei o desafio
de criar o “Grêmio” da firma. Visando dar ânimo ao novo empreendimento me senti
na obrigação de correr os primeiros 10k. Os treinos na volta interminável de uma
pequena lagoa foram duríssimos, e acredito não teria completado a prova se não
houvesse uma boa dose de motivação em forma de latas geladas de cevada na linha
de chegada, acompanhada de churrasco com a velha e boa picanha para recuperar
toda a gordura queimada.
A empolgação
passou efêmera como um amor de verão. Anos mais tarde, a necessidade de uma
atividade física, de manter-se em movimento, me levou a reavaliar a prática da
corrida. Recém-casado, finanças focadas em outras direções, vivendo próximo a
uma linda lagoa, e seguidas viagens a trabalho me levaram ao que parecia óbvio.
Colocar um tênis na bagagem e sair correndo soava factível independente de
quaisquer variáveis.
Já praticando
de forma frequente você começa a entender o esporte. Não é fácil, o
conhecimento de forma plena vem com o tempo, tênis gasto e experiência nas
pistas. Entender que sua cabeça é parte determinante do processo consome
algumas centenas de quilômetros corridos. Na modalidade amadora, a disputa é só
sua, e é aí que mora a beleza do esporte. Corpo e mente atuando em equipe para
fazer entregar o melhor de você.
A corrida me
ensinou a superar meus limites, olhar meus defeitos antes de buscar o dos
outros, ter a calma necessária para que a razão tenha chance de impedir uma
emoção descabida, humildade para reconhecer falhas e até controlar minha
ansiedade para falar antes ou durante o processo de escutar ao próximo. Dos 10k
em provas aos 12k em treinos, 18k recentemente e meia maratona nos próximos
meses. É difícil acreditar no que eu mesmo dizia aos quatro ventos pouco tempo
atrás: Maratona já é demais!
belo texto meu caro! keep runing! ehheheheheh to voltando aos poucos...vou correr 10k novamente.
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