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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Saindo da inércia

Já doei muita roupa, eletrodomésticos, móveis, comida e até dinheiro aos mais necessitados, mas a pouco tempo comecei a doar algo muito mais valioso, meu tempo. Pouco mais de um ano atrás visitamos, eu e meu irmão Flavio, a cidade mais pobre do Brasil que não está no nordeste, São João das Missões-MG - escreverei sobre essa experiência em outro post em breve. Tínhamos o objetivo principal de entender uma realidade que desconhecíamos basicamente para criar um negócio social, mas acho que aprendemos muito mais que isso.

Ontem iniciei minha jornada em um projeto social a 10km da minha casa, dando aulas básicas de informática, com objetivo de inclusão digital da comunidade. O Alumia é um centro de entretenimento, cultura e lazer idealizado pela Virgínia, mãe de uma coleguinha da Joana no Jardim de Infância. Virgínia é daquelas "fora da curva", largou o mundo das agências de publicidade para criar esse lindo projeto do nada. Não se trata de uma comunidade pobre como a que visitamos em Missões, não falta comida e moradia, mas são muito restritas as oportunidades que as pessoas têm, para não dizer quase nenhuma.

Na turma mais básica, a maioria são empregadas domésticas por falta de opção, ou simplesmente para fugir de alternativas mais custosas como por exemplo a prostituição. Querem aprender informática para tentar algo melhor na vida, obviamente - sinto que têm um sonho que parece muito distante. É uma mudança difícil, não há apoio governamental ou empresas do setor privado olhando essa situação com o devido carinho. Meu coração inflou mesmo foi quando elas falaram dos filhos, que querem aprender o básico para motivar os filhos a buscar algo diferente na vida.

Na outra turma, dos jovens (ainda não os filhos das domésticas, mas uma projeção futura deles), pude ter mais noção da responsabilidade que tenho, e do impacto que posso fomentar. Meninos e meninas de 13 a 17 anos que simplesmente não querem seguir os passos dos pais, querem  estudar, se capacitar e buscar um lugar melhor ao sol. Certamente não vou me ater apenas as aulas, já comecei a acionar uma rede de contatos, inclusive muitos que doaram os computadores para que esse curso fosse possível, para ajudar em uma transformação mais completa, de ponta a ponta.

Tenho a sensação que se conseguir transmitir e eles conseguirem absorver 10% do que tenho planejado, ajudarei na transformação dessa comunidade. É desafiador, mas acho que vai valer a pena.

Islaine, William, Vinícius, Moacir Felipe, Gleiciane, Rosa e Alice, quero muito ajudar vocês, contem comigo!

Fernando "Fatura" Pucci

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