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quinta-feira, 11 de março de 2010

A saga do carro

Talvez nem imaginem o quão complicado é regularizar a documentação de um carro em nosso país. Sou de longe uma das pessoas mais relaxadas com carro que conheço, perco pra apenas um dos meus amigos aqui na capital paulista. Em linhas gerais, não transferi pro meu nome um carro que comprei há mais de um ano, não troquei a placa que ainda menciona a califórnia brasileira acima das letras e números e, quando já achava muito, identifiquei cinco singelas multas. Sou democrático, uma por cinto de segurança do passageiro, uma por contato telefônico com empresa de telemarketing enquanto dirige um veículo, uma por estacionar onde apenas mendigos são autorizadas e duas por velocidade acima do permitido. Soma-se a essa bagatela, taxas de licenciamento e seguros obrigatórios do ano vigente. Inicio março com uma TV de LCD a menos no meu orçamento.

Primeiro contato com o despachante: Você resolve isso tudo em 3 ou 4 dias AMIGÃO! Minhas macro tarefas seriam: Encomendar e trocar o par de placas e realizar a transferência do documento

Encomendar e trocar o par de placas, a missão!
Encomendar é fácil, visto que significa tão somente pagar. Trocar é algo que requer super-poderes. Calculo que já rodei uns 100km de carro e uns 5km a pé na tentativa. Duas idas ao despachante, duas ao detran, em duas cidades distintas, e agora tenho o seguinte: "Sabe o que é?, perderam seu par de placas, a empresa que ganhou a concessão é nova, teremos que pedir outra". Amanhã entro no padrão nacional de placas, não precisarei mais me preocupar com a identificação do meu veículo.

Realizar a transferência, o parto!
Três idas ao despachante, três pessoas diferentes, três informações diferentes. A prestação de serviços no Brasil deve nivelar com o futebol da Indonésia. Em tempo, três idas ao meu carro pra tentar fazer um decalque do chassi, sem sucesso. Uma ida a concessionária, onde o porteiro me ajudou. Com toda documentação e uma montanha de dinheiro, meu "processo" foi criado. Com menos de 1 minuto de vida, ele tem uma paralisia cerebral e deve ficar encostado até que a inspeção ambiental veicular seja regularizada.

Valeu um parentesis sobre a inspeção veicular paulistana, a única parte inteligente e simples do processo. Com renavam em mãos, acesse o boleto virtual, faça o pagamento, agende a visita e bingo, tudo pela novidade chamada internet - parabéns ao governo municipal, embora a história desse país me faça acreditar que algum parente de alguém seja dono da Controlar.

Nesse estágio estou, os 3 ou 4 dias já são quase 10 e ainda não vejo a ostra que tem a pérola dentro. Como a saga toda seria muito longa pra contar aqui, resolvi postar hoje mesmo, já dá uma boa idéia do que passamos com coisas simples. Embora nesse caso o pontapé inicial seja a falta de organização do blogueiro.

Um abraço e bom final de semana.

Obs.: Na face norte da América um cidadão qualquer, até mesmo um estrangeiro, compra um carro ou imóvel e obtém toda documentação em questão de horas. Somos o país do futuro, sempre!

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